A água doce de Santo Ângelo

Qual a disponibilidade de água doce em Santo Ângelo? De onde vem, para onde vai e qual a relação dos santo-angelenses com este recurso indispensável para a produção...

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Texto e edição: Marcos Demeneghi

Nesta edição reunimos informações gerais sobre a disponibilidade hídrica, bem como, características que formam o contexto geral em torno deste tema: “Água doce”. A origem da água doce de superfície disponível em Santo Ângelo é proveniente das chuvas regulares que insidiem em nossa região, portanto, o armazenamento natural desta água, bem como a pureza deste recurso, depende de como tratamos o solo e de como nossas construções urbanas são projetadas.

Parte da água doce que provém da chuva infiltra no solo, forma reservatórios subterrâneos, ela brota em nascentes ou escorre para as partes mais baixas, conforme o relevo geográfico, formando banhados, arroios e rios.

Observe no gráfico a média histórica da quantidade de precipitação registrada na região, mês a mês, cálculo feito com base nos últimos 30 anos.

O CAR – Cadastro Ambiental Rural recentemente formatado por exigência governamental, já permitiu identificar a existência de mais de 300 nascentes no território de Santo Ângelo, mas podem existir mais do que aquelas registradas no sistema.

A Rede Hidrometeorológica Nacional da ANA – Agência Nacional de Águas tem registrado em seus bancos de dados a informação de pelo menos, 10 afluentes que estão nos limites de Santo Ângelo. Passam pela zona urbana e são mais conhecidos, o Rio Itaquarinchim, Arroio Santa Bárbara e Rio São João. Contornam Santo Ângelo os rios Ijuí e Comandaí, estes últimos tem maior vasão e volume de água. (Veja no quadro um levantamento feito com base no sistema da ANA).

Existem ainda outros banhados e riachos não cadastrados como o arroio Tchungum, são córregos com menor vasão que nascem no território urbano ou rural, inclusive na semana passada o arroio citado foi visitado por alunos do Colégio Tiradentes. Estes estudantes fizeram uma trilha ecológica em suas margens e realizaram o plantio de árvores.

Além da água que infiltra e brota naturalmente da terra formando as nascentes naturais, existem os poços artesianos que disponibilizam água com a ação do homem. São poços tubulares profundos cuja pressão da água é suficiente para a sua subida à superfície, necessitando a instalação de equipamento na boca do tubo para controlar a saída da água.

Um estudo publicado pelo Comitê do Rio Ijuí, realizado pelo químico Industrial Gelson Luiz Faccin no ano de 2015 e disponibilizado por meio do Livro “Bacia Hidrográfica do Rio Ijuí: Semeando Ideias, colhendo diálogos, constatou que a população rural do município de Santo Ângelo, aproximadamente 5.538 pessoas, é abastecida por 73 poços artesianos, segundo esta mesma pesquisa, a infraestrutura de abastecimento no interior de Santo Ângelo ainda carece de qualificação e tratamento adequado para se enquadrar no padrão de potabilidade da portaria 518/04 do Ministério da Saúde.

Já a população Urbana do Município é abastecida com água do Rio Itaquarinchim e do Rio Ijuí. Esta população conta com a produção de água potável de duas estações de tratamento, ambas administradas pela Corsan – Companhia Rio-Grandense de Saneamento, que por meio de um contrato de prestação de serviço com o Município, realiza ações de captação, tratamento e distribuição de água potável. A Corsan também tem uma meta de implantar redes de esgoto para 100% da população até o ano de 2035, tendo em vista que o esgoto de aproximadamente 70% da população não é tratado e muitas residências despejam o esgoto diretamente na rede de água da chuva, contaminando a água doce de Santo Ângelo.

Para matar a nossa sede a Corsan utiliza água de dois rios: Itaquarinchim e Ijuí, antes de ser distribuída para a população a Corsan trata a água em duas estações, uma delas localizada no Centro de Santo Ângelo (com água do Itaquarinchim) e outra, no Bairro São Carlos (com água captada do Rio Ijuí).

Na zona urbana, boa parte da água da chuva escorre pelas calhas, calçadas, asfalto e não infiltra no solo, prova disso, é o acúmulo de água nas ruas centrais da cidade em dias de chuva. Isso é um efeito que se dá por fatores como a colocação de cerâmica nas calçadas, telhados com calhas que desviam a água para as ruas, quintais cada vez mais impermeáveis. Como consequência, toda a água escorre para o esgoto pluvial, fica mais contaminada, provoca cheias repentinas e literalmente escorre para os rios, não acumulando nos reservatórios naturais subterrâneos e debilitando as nascentes naturais.

No interior do município a compactação das terras rurais também já é um fenômeno que está sendo estudado pelos agrônomos da EMATER, escritório de Santo Ângelo, inclusive está em andamento um projeto para analisar e diagnosticar este problema.

A partir deste breve contexto, iniciamos a busca de conhecimento em torno da realidade que envolve a água doce de Santo Ângelo. Nas próximas matérias da série detalharemos os assuntos que envolvem todo este processo.

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Relação de Rios e arroios registrados na ANA

Lajeado da Potranca – (Que se junta com o Arroio Santa Terezinha)
Arroio Santa Terezinha – Colônia das Almas – Divisa com Catuípe
Rio Comandaí – Divisa com Giruá
Arroio Santa Bárbara – Nasce em Comandaí
Arroio Itaquarinchim
Arroio São José (antes da perimetral se junta com o Arroio São João)
Arroio São João
Lajeado Shultz
Arroio Buriti
Lajeado do Cerne que dá origem ao Lajeado Grande

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