Almanaque com mais de dois séculos revela conhecimento sobre astrologia e cartografia nas missões jesuíticas

Manuscrito datado de 1730 a 1740 e que pertenceu aos padres Jesuítas das Missões foi descoberto em 2018 no município Gaúcho de Panambi. No início de 2023, novos...

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manuscrito jesuítico de panambi - capa (Copy)
Foto – Edison Hüttner | Manuscrito, Articulus IV, Reges Hispaniae

Manuscrito datado de 1730 a 1740 e que pertenceu aos padres Jesuítas das Missões foi descoberto em 2018 no município Gaúcho de Panambi. No início de 2023, novos detalhes desta obra foram revelados por meio de um estudo aprofundado do professor e cientista Édison Hüttner. 

O estudo do manuscrito, além de Edison Hüttner, teve a participação do Dr. Eder Hüttner, Fernanda Lima Andrade e Rogério Mongelo e comprovou a autenticidade da obra. Esse material pertencia aos indígenas e padres das Missões Jesuíticas. O manuscrito possui 800 páginas, tem capa de couro e caligrafia legível do início ao fim, respeita margens e foi elaborado com linhas para uma diagramação mais harmônica.

Mas o conteúdo do manuscrito é o que mais tem chamado a atenção dos pesquisadores, pois além de assuntos de conhecimentos gerais, revela um aprofundado conhecimentos sobre astronomia e cartografia. Entre as várias temáticas do livro, destaca-se um estudo do famoso matemático e astrólogo Cristovão Clavio. Esse matemático e astrônomo fez parte da equipe para a reforma do calendário gregoriano.

O manuscrito contem a descrição dos signos do zodíaco e as constelações, planetas e mitos associados a eles. Tanto os escritos quanto os desenhos dessas páginas, teriam sido feitos por Buenaventura Suarez, um argentino reconhecido como primeiro astrônomo da América do Sul.

Portanto, o almanaque trazia conhecimentos avançados e atualizados sobre astronomia, inclusive as coordenadas de latitude e longitude dos trinta povos Missioneiros, além de assuntos sobre teologia aprofundada e conhecimentos culturais da época. O achado e o estudo desta obra tem ganhado repercussão nacional e internacional, pois permite dimensionar o tipo de conhecimento que circulava entre os povos que formavam as Reduções Jesuíticas do Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.

manuscrito jesuítico de panambi - signos

Esse material foi revelado ao professor por meio da ligação de uma moradora do município de Panambi, RS, Liane Janke, em 2018, ocasião em que convidou o professor Edison a conhecer um livro que recebeu de herança de família. Édison aceitou o desafio e ficou imediatamente impressionado com o potencial da obra que, provavelmente pertenceria aos Jesuítas Missioneiros.

De fato, foi comprovado que o manuscrito é composto por papel da época, contém filigranas (marcas d’água) que mostram que tem procedência de Gênova, Itália. O estudo apurou que Espanha comprava o papel de Gênova e enviava para suas colônias na América.

manuscrito jesuítico de panambi - coordenadas

Buenaventura Suárez foi o primeiro astrônomo americano que organizou as coordenadas de latitude e longitude das 30 reduções. No manuscrito contém mapas cujas coordenadas também combinam com as utilizadas para o desenho dos primeiros mapas da região da época, como: o Mapa do Jesuíta Português Diogo Soares de 1740, outro de 1740, do mapa de José Quiroga de 1749: o melhor mapa do sec. XVIII da região, p. 29 seguintes.

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