Sábado- 14/05/2011

“Jamais pude acreditar que a alma, viva enquanto habitava o corpo, morresse ao deixá-lo; nem que, ao se evadir do corpo de um insensato, ela permanecesse insensata. Creio...

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“Jamais pude acreditar que a alma, viva enquanto habitava o corpo, morresse ao deixá-lo; nem que, ao se evadir do corpo de um insensato, ela permanecesse insensata. Creio ao contrário que, desvencilhada de seu invólucro carnal, voltando a ser pura e homogênea, a alma volta a ser sábia.” Ciro, o Grande, in Cícero, Saber Envelhecer

Enquanto me dirigia ao Instituto do Coração, em Porto Alegre, atendi ao celular e recebi a notícia do falecimento de um amigo, cujo corpo estava sendo transladado para cá – em Santo Ângelo. Pensei comigo – somos como a primavera ou outra estação qualquer. Tudo tem o seu ciclo.
E isso não deve nos assustar e nem nos por em pânico. Dizem que, dos animais, somos os únicos que sabem que finaremos um dia. E isso não deve, em momento algum, nos servir de tortura. Muito pelo contrário, é mister que sintamos ser um privilégio sabermos que um dia teremos um novo alvorecer, sobre o qual criamos perspectivas as mais variadas possíveis.
Os valores que enaltecemos na meditação nos levam a sentir o tamanho da miséria que grassa sobre todas as espécies. E quanto mais vilipendiadas, a natureza e suas criaturas, tanto mais miserável é o ser humano. Somente este é digno de compaixão, não por sua estupidez, mas pelas mazelas que sofrerá por sua ignorância. E é justamente aqui – no marco zero de todo o saber – que sentimos a ausência de Deus. É por esse motivo que ela – a ignorância – é a fonte de todo pecado, pois nela não reside virtude alguma.
Todo o governo se não sábio, quando levado ao poder por um povo humilde e desinformado, deveria ter por conselheiros últimos, antes de qualquer decisão, homens sábios, com visão futurística e voltada ao bem comum da grande e universal Comunidade Terra. Nenhuma lei deveria, jamais, ter conotação casuística e máculas tendenciosas, pois estas são os cunhos maiores dos vícios, da parcialidade e da depauperação da confiabilidade coletiva. Pois toda a norma de tal jaez não encaixa na harmonia das Leis Cósmicas, e por isso agrava o carma de todos quantos participam da sua elaboração.
Já há mais de cinco séculos antes da era cristã, Ciro – o Grande, imperador persa, preconizava, não só a imortalidade da alma, como também a retomada do seu “status quo ante”, isto é, retornando à angelitude da fonte de que provinha. E o fazia com sólidos fundamentos, como homem que se tinha como um predestinado “Justiceiro de Deus”.
Quando pensamos que, na falência da matéria do que somos, entraremos na plenitude da leveza da alma, cometemos um terrível engano, pois é preciso que atravessemos os umbrais para o estado eternal. E, até lá, deverá ocorre o fenecer de todo o sentimento de paixões, de miasmas e vermes astrais, para  então, finalmente purificados, retornarmos à Pátria Celestial.

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