Sabado -04/12/2010

Onde as ideias correspondem aos fatos Apresentando as armas Esta é uma coluna antiopinão. O objetivo não é externar a opinião do autor sobre assuntos diversos, mas, sim,...

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Onde as ideias correspondem aos fatos

Apresentando as armas

Esta é uma coluna antiopinão. O objetivo não é externar a opinião do autor sobre assuntos diversos, mas, sim, destrinchar, por meio da apresentação de argumentação sólida e verossímil, a maneira de pensar de outros colunistas. Nada tenho contra pessoas que externam suas opiniões, desde que tenham um mínimo de consistência para se manterem em pé. Quando desandam ante o mais simples argumento, são perniciosas, pois retratam mais preconceito do que conhecimento. Colunistas que “emburrecem” seus leitores devem ser alertados do mal que causam. Foi amplamente divulgado em blogs a tremenda gafe, para não usar o termo grosseria, protagonizada pelo jornalista Paulo Cesar Prates, da Rede RBS de Santa Catarina, que, a respeito de acidentes de trânsito, culpou “os miseráveis que jamais leram um livro e que moram em espeluncas que chamam de apartamento, mas que conseguem crédito para financiar um carro em 70 vezes e saem desatinados pelas rodovias causando acidentes e matando inocentes”. Infelizmente, para ele, o personagem da semana foi uma magistrada que, bêbada, desobedeceu à ordem de parar em uma barreira e abalroou sete carros, causando vítimas. A história se repete: o bem nascido causa os danos, mas descarrega sua responsabilidade nas costas dos miseráveis. A grande chaga do colunista de opinião é seu ego. Pensa estar sempre certo e caso alguém discorde é porque ainda não descobriu a infalibilidade de suas afirmações. Megalomania, arrogância e prepotência não são boas conselheiras. Sei disso porque já agi de acordo com esse estereótipo. Felizmente, por pouco tempo. O objetivo agora é mostrar que não existe moeda com apenas uma face. Espero que os colegas, que tenham suas opiniões dissecadas à luz da razoabilidade, não entendam isso como um ataque pessoal. Até as melhores pessoas podem ter ideias distorcidas sobre determinados fatos, em razão de sua ignorância sobre eles. Sair emitindo opiniões “ao salve-se quem puder” é uma temeridade, pois deturpa o conhecimento e cria antagonismos desnecessários. Resumindo: ao receberem elogios de pessoas com pensamentos idênticos aos seus, colunistas de opinião sentem-se oniscientes e tendem a propagar o pensamento único, característico às ditaduras, seja na política, na moda, na cultura, na culinária, na aplicação da justiça e na produção do conhecimento. Uma das vítimas será meu amigo Érico Müller e sua coluna “Recanto do Sabiá”. E por que isto? Por uma simples razão: ele não tem papas na língua. Emite opiniões como quem lança mísseis nucleares intercontinentais. Não mede a consequência de seus escritos. Como ex-militar, computa os estragos colaterais provocados como “perdas a lamentar” e não como realmente deveriam ser classificados: um atentado contra a capacidade cognitiva de todos que pensam diferente dele. Essas opiniões atravessadas não impedem que ele seja uma pessoa afável e simpática. Será uma luta renhida, mas dentro dos limites estabelecidos pela fidalguia.

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