Um asno pode proceder como um sábio, enquanto um humano, como um tolo. E quem tiver a grandeza de observar isso, sentirá nesse instante a magia do universo. Aliás, sem magia a sobrevivência é impossível. Dizem os sábios que o mago viaja no céu. Talvez, em muitas ocasiões, tenhamos usado do nosso poder de mago, dado as circunstâncias em que nos encontrávamos, e que nos levaram a agir intuitivamente. Ao que diriam alguns, que foi instinto, outros, milagre.
Há momentos em nossas vidas que experienciamos extremas dificuldades, seja sentimental, ou existencial. E as agruras podem ser tantas, que poderemos nos sentir insulados em meio a um turbilhão de pessoas e coisas, tal é a nossa capacidade de nos isolar quando acuados por uma situação adversa. No entanto, é aí e nesse momento que teremos a emoção de descobrir a força que não sabíamos possuir. – Uma força humilde, quase imperceptível, que se agigantará à medida que nos depurarmos no caldeirão do sofrimento e nos sintonizarmos com as potências que regem o universo.
Muitos se perquirirão – que potências? E é justamente isso que nos inquieta e infelicita, pois se não houvesse pessoas tão distantes da realidade das leis cósmicas, certamente o mundo seria bem melhor. Afinal, onde está a força que nos anima?, e o que representa em nosso universo pessoal? Não estamos falando na organicidade finita do ser, mas da essência que o move – do seu centro imaterial. E por que não infinito, se é a centelha imanente ligada a sua fonte, perene, imensurável e eterna.
O ser desperto para essa realidade, perceptivelmente ou não, é um mago. – Um alguém que despertou sua força interior, harmonizando-a com o cósmico. E é com estes que coisas grandes acontecem. Não aquelas coisas de se assenhorear de bens e posições a qualquer preço, estupidamente imaginando que mal haver o mundo é crescer, ser livre e invejado. Quem poderá ter inveja de ladrão, bandido, corrupto e traidor da boa fé do povo, e que se dizem ricos? Todos são gêneros da mesma espécie. Ignaros.
Muitos de nós já estiveram no “umbral da grande iniciação” e despertaram para uma realidade além das formas – fantástica!, – onde seres fantásticos deram-se a conhecer. – Uma realidade que se nos abre quando a entrega é absoluta e incondicional. Então a “Parteira Celeste” – que chamam grosseiramente de morte – poderá se aproximar e não nos desligar da matéria, mas, simplesmente, nos acenar e intuir que gostaria de nos abraçar com seus gigantes braços, nos devolvendo por mais algum tempo ao plano dos “vivos”.
Não sei você, mas eu tive um mistério desvendado em vê-la – a morte -. E isso é para poucos olhos mortais. É algo que renderá um conto, não de terror, mas de amor. – De um amor sublime de gratidão e louvor ao Criador.