Servidores não aceitam pagar a conta da crise

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Uma manifestação dos servidores públicos estaduais em Santo Ângelo se intensificou na esquina da AV. Brasil com a Rua Marechal Floriano na tarde de segunda-feira, dia 3. Além dos cartazes e apitos, os manifestantes interrompiam e liberavam o trânsito de cinco em cinco minutos. Participaram do ato, servidores da Polícia Civil, 12ª Coordenadoria Regional de Saúde, Susepe – Superintendência dos Serviços Penitenciários, representantes da Associação dos Policiais Militares e professores da rede estadual.

 

Cada categoria trazia suas reivindicações principais explícitas no papel, contudo, o estopim da manifestação foi o parcelamento dos salários imposto pelo Governo do Estado. Segunda-feira no Presídio Regional de Santo Ângelo, somente atividades essenciais foram mantidas, visitações, transferências e diligências foram suspensas.

 

Professores

Sem aula na segunda-feira e período reduzido durante a semana de volta às aulas. Professores se reuniram em frente à 14ª CRE – Coordenadoria Estadual de Educação para reivindicar o pagamento em dia dos salários. Na segunda-feira, dia 3, as aulas foram suspensas em diversas escolas de Santo Ângelo, entre elas, o colégio Tira Dentes, Getúlio Vargas, Augusto Nascimento e Silva, Esther Schroder, entre outras. Os portões da 14º CRE foram acorrentados e a equipe administrativa, inclusive a coordenadora Tânia Santiago foi impedida de entrar no prédio e deliberar neste dia.

Os professores em manifestação entendem que não são responsáveis pela crise financeira. O Governo do Estado informou estar “sem alternativas para superar o déficit crescente dos últimos meses e com a arrecadação aquém das projeções, precisou escalonar o pagamento”. Segundo o governo, no dia 31 foi depositado uma parcela líquida de R$ 2.150 para todos os 347 mil funcionários. “Com esse teto, 52,8% dos funcionários receberam salário integral. Há mais duas parcelas: uma de R$ 1 mil, que será depositada até 13 de agosto, e a terceira a ser paga até 25 de agosto”. “E o salário de agosto?”. Questionavam os professores em frente a coordenadoria. Como será pago?

O executivo gaúcho, explicando que o déficit financeiro do estado é superior a R$ 400 milhões por mês e que neste mês de agosto haverá mais uma iniciativa para o ajuste das contas públicas. A folha líquida de pagamento de servidores é de R$ 950 milhões, segundo o governo do estado, mas os compromissos do governo com pessoal na virada do mês se aproximam dos R$ 1,2 bilhão.

Segundo a presidente do Cpers, Lúcia Rosa, a manifestação ocorre não só pelo parcelamento dos salários, mas principalmente por um conjunto de medidas que tramitam na assembleia legislativa que segundo os sindicalistas pode promover o congelamento de salários, a suspensão de novas contratações e um a ampliação do arrocho salarial.

A Secretária Regional de Educação Tânia Santiago afirma que “a luta é pela educação pública de qualidade” disse que respeita a representação sindical e considera justa a luta dos professores, no entanto não concorda com o radicalismo manifestado na manhã de segunda-feira, quando um cadeado e corrente impediu a entrada de servidores no prédio da coordenadoria.

 

Correntes e cadeados impedem equipe da 14ª CRE de trabalhar

O Governo de Estado, através da 14ª CRE, reconhece e respeita a legitimidade das manifestações sindicais que possam ocorrer de maneira democrática e responsável.

Ao mesmo tempo, fará todos os esforços para manter a normalidade do nosso serviço público. Estamos todos do mesmo lado e precisamos encontrar soluções conjuntas para superar o desiquilíbrio financeiro.

Lembramos que nossos alunos não poderão ser prejudicados, pois os dias letivos e as cargas horárias deverão ser cumpridas conforme legislação.

Condenamos ações radicializadas, pois impedir os educadores e a comunidade escolar do acesso aos seus ambientes de trabalho, não constrói o diálogo e a busca de soluções.

Convocamos a todos: 14ª CRE, professores e funcionários, pais ou responsáveis, pelo acompanhamento na recuperação e reposição das cargas horárias que faltarão para os nossos alunos, prejudicando seriamente a qualidade de ensino das nossas Escolas Públicas.

No levantamento realizado, informamos que a paralisação deste dia 03 de agosto, nas 40 escolas da 14ª CRE dos onze municípios de abrangência houve adesões parciais e em algumas não houve.

Pedimos a comunidade escolar que envie seus alunos para as escolas, pois a redução de períodos prejudicará ainda mais a qualidade de ensino dos nossos alunos, não sendo justo que os filhos dos trabalhadores paguem mais esta conta.

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