Pedras entalhadas próximas a cascata do Itaquarinchim

Duas pedras simetricamente esculpidas estão próximas da cascata do Itaquarinchim em Santo Ângelo. A presença deste material naquele local ainda demanda de apreciação técnica para descobrir a origem...

2375 0
Foto: Marcos Demeneghi
Foto: Marcos Demeneghi

Duas pedras simetricamente esculpidas estão próximas da cascata do Itaquarinchim em Santo Ângelo. A presença deste material naquele local ainda demanda de apreciação técnica para descobrir a origem e também, para conhecer em que período histórico foram utilizadas.  Uma das pedras possui o formato de uma circunferência, semelhante às pedras de moer cereais, usadas nos antigos moinhos e engenhos, possui sulcos espiralados do centro para a borda. A segunda pedra possui corte quadrado, em suas bordas pode-se observar acabamento chanfrado e no cetro um orifício.

Uma das hipóteses sugere que as pedras pertenceriam aos primeiros engenhos do período colonial. Mas também, podem ter sido reaproveitadas de épocas mais antigas, talvez, da antiga redução de Santo Ângelo Custódio.

Sabe-se que a família de Rudolfo Reinoldo Pydd teve um moinho na margem esquerda do rio(considerando o fluxo deste curso hídrico). O mecanismo era composto por uma bica e roda d’água e foram edificados na década de 50. Este moinho pertenceu a esta família até o ano de 1973, quando foi adquirido por José Funghetto. Mais tarde, no ano de 1982 a propriedade passou para Osvaldo Hercules Funghetto, que construiu outro moinho e operou até o ano de 2012 com sistemas mais modernos, usando turbina movida com a força da água e polias metálica para moer os grãos de cereais. Esta última edificação atualmente está estabelecida um oficina de automóveis.

Foto: Marcos Demeneghi
Foto: Marcos Demeneghi

Para conhecer os proprietários anteriores solicitamos ao cartório de registro de imóveis a sucessão de posse daquelas terras e obtivemos a seguinte resposta: Guilherme Kurz, proprietário em 1952; João Wontobel, proprietário em 1945; Familia Reis: Mercedes Reis, Eurico Reis e Dinarte Reis, proprietários em 1945; Por fim, temos como primeiro proprietário, no ano de 1944, Carlota Reis. Segundo o cartório de registro de imóveis de Santo Ângelo, as áreas lindeiras (vizinhas, margem direita do rio) pertenceram ao Intendente Cel. Bráulio Oliveira.

Relatos históricos que remetem ao início da colonização de Santo Ângelo, quando a ocupação portuguesa se estabeleceu depois dos conflitos que cercam a história missioneira, indicam que as terras próximas a cascata também pertenceram ao Coronel Bráulio Oliveira, que foi intendente de Santo Ângelo entre os anos de 1900 e 1916.

Sobre este tema, o pesquisador e historiador Darlan Machi divulgou no ano de 2010 no blog “Santo Ângelo em Fatos e Fotos” o seguinte resumo de suas investigações: “A cascata do Itaquarinchim hoje localizada na zona urbana da cidade, estava dentro da porção de terras que pertencia ao coronel Bráulio de Oliveira, que foi intendente do município de 1900 à 1916. Na obra “O Rio Grande do Sul”, Alfredo R. da Costa fez um detalhado levantamento da infraestrutura, recursos, geografia e história dos municípios do estado no ano de 1922. Em seus registros sobre a Santo Ângelo da época encontramos o seguinte trecho: ‘Coronel Bráulio possui, também, uma linda cascata no arroio Itaquaranxim, situada a 1.000 metros distante da villa de Santo Ângelo. Junto à referida cascata, que poderá servir para exploração de qualquer indústria, possui o coronel Bráulio Oliveira um engenho para beneficiar arroz e moinho para milho movido a água’.”

O Santo-angelense Cesar Farias de Farias confirma que uma das áreas lindeiras da cascata do Itaquarinchim era usada para recreação e pertencia ao intendente Bráulio Oliveira. O Coronel foi um dos sócios fundadores do Clube Gaúcho e muitos piqueniques do Clube aconteceram a margem da cascata.

Cezar também relata que na margem direita existiu a primeira usina hidrelétrica de Santo Ângelo, mais tarde, um moinho que contribuiu muito com o desenvolvimento econômico de Santo Ângelo.

Quanto ao moinho do lado esquerdo, quando não tinha mais função, a prefeitura instalou ali uma ferraria, na qual trabalhava o ferreiro Claudino Nascimento, profissional que veio de Rincão dos Pires para atuar como ferrador da prefeitura, informou Cesar Farias de Farias ao relembrar fatos sobre a cascata.

Edição e reportagem – Jornalista: Marcos Demeneghi

Neste artigo

Participe da conversa