Persigo foi um jovem participante do movimento dos escoteiros e no ano de 1990 passou a ser um adulto voluntário. Foi no escotismo que conheceu a esposa Iara Kowalski, embora a atividade não traga retorno monetário, eles incentivam a cultura do voluntariado, pois relatam que a experiência é compensadora e necessária.
Efeito bumerangue
Doamos e recebemos, ensinamos e aprendemos. Recebemos gratidão, respeito e percebemos que o trabalho é frutífero, pois o voluntariado é visto como um modo de transferir a experiência de vida, conhecimentos que muitas vezes não se aprende na escola. São conclusões desta dupla que pelo menos, uma vez por semana, reúne-se na sede dos Escoteiros do Ar Ventos do Sul que está localizada na AABB de Santo Ângelo.
O escotismo, na opinião do casal, colabora para que os participantes deste movimento se tornem cidadãos que reconhecem suas obrigações com a família, com a pátria, não se utilizam de fugas psicológicas no mundo dos remédios, das drogas lícitas e ilícitas. “Ver a transformação dos alunos é que nos realiza, é o pagamento” disse Iara. Persigo revela que o movimento de escoteiros proporcionou para ele experiências únicas, que não teria vivido se não fosse o escotismo, a escalada em rocha é um exemplo disso.
Cada um doa um pouco e multiplicamos o resultado
Há pessoas que chegaram no grupo Escoteiros do Ar Ventos do Sul para fazer um estágio de educação física e estão até hoje trabalhando como voluntários.
Pais de crianças que frequentam o grupo também se tornam voluntários, ajudam cortar a grama, fazer pinturas, auxiliam nas atividades de campo. “Cada um doa um pouco e o resultado é maior” disse Persigo.
A cultura do voluntariado em Santo Ângelo
Somos nove voluntários (chefes) no Grupo de Escoteiros do Ar Ventos do Sul em Santo Ângelo. Para que o trabalho fosse desenvolvido em sua plenitude seria necessário, pelo menos, o dobro disso.
Na conclusão do casal, a cultura da participação voluntária está ficando esquecida. Eles fazem a seguinte reflexão: “os jovens e as crianças estão crescendo com o entendimento prático de que elas foram criadas para serem servidas e não para servir”. O problema pode estar relacionado a uma tentativa de proteger os filhos de modo equivocado. Na sociedade contemporânea os pais dão tudo pronto e as crianças/jovens não contribuem com a realização de pequenas tarefas do dia-a-dia.
“O filho não é voluntário para levar o lixo na rua, não é voluntário para lavar uma louça, para cortar a grama ou lavar o carro. Não sabem ascender o fogão e quando realizam uma tarefa, exigem retribuição monetária, em forma de um bem de consumo ou dinheiro” afirmou Persigo.
Este processo tem acabado com o espírito de solidariedade e a vontade de exercer atividades voluntárias. Persigo acredita que é necessário resgatar valores esquecidos e que o escotismo tem se mostrado eficiente e com resultados animadores.
Como aprender a ser um voluntário
A motivação do trabalho deste casal está justamente no fato de contribuir para reverter este processo. Eles defendem a ideia de que a metodologia adotada pelo escotismo tem sido uma ferramenta que faz a diferença na vida das pessoas.
Na prática, estas crianças e jovens são desafiadas a realizarem tarefas simples, mas necessárias para o desenvolvimento de habilidades que facilitam a convivência face a face, em grupo. Eles montam acampamentos, aprendem dormir no mato, arrumar a cama, cozinhar, viver em equipe, prestar primeiro socorros, lavar a panela suja, são incentivados a desenvolver gestos de gentileza, saber respeitar as diferenças, ter foco, entre outras habilidades.