Sem medidas de conservação do solo produtores de soja perdem produtividade

Extensionistas da Emater de Santo Ângelo comprovam o que pesquisadores da Embrapa tem alertado. Sem medidas de conservação o solo das lavouras está cada vez mais compactado, a...

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Com o projeto “Conservadores de Solo de Santo Ângelo” agrônomos da Emater comprovam que o solo das lavouras missioneiras está perdendo a capacidade produtiva. O trabalho iniciou em 2017 em uma área de 600 ha, neste projeto são aplicadas técnicas conservacionistas no solo que permitiram minimizar as perdas ocasionadas pela falta de chuva na região.

Tarde de campo sobre estruturação de solo realizada em junho de 2019 - Foto: Álvaro Uggeri
Tarde de campo sobre estruturação de solo realizada em junho de 2019 – Foto: Álvaro Uggeri

O trabalho ainda está em desenvolvimento e análise, mas a Agrônoma Márcia Dezen do Escritório da Emater de Santo Ângelo adiantou algumas conclusões obtidas a partir da última safra de soja.

“A produção nas lavouras que participam do projeto foi superior à média geral do município. Enquanto a maioria obteve a produtividade média de 24 sacas por hectare, as lavouras cadastradas no programa alcançaram médias que variam entre 38 e 50 sacas por hectare” informou a extensionista.

O trabalho dos extensionistas locais é feito com base em uma pesquisa científica produzida pela Embrapa que em seus trabalhos identificou problemas de estrutura de solo, em maior ou menor grau. Sendo esta característica um fator seriamente limitante de produção em todo o território nacional.

Porque usar técnicas de conservação do solo?

A falta de chuvas regulares no período de desenvolvimento das lavouras acarretou nesta safra 2019/2020 uma quebra estimada em 60%. A pesquisa ganhou força neste cenário e os resultados obtidos na área analisada podem servir de referência para produtores da Região das Missões, que poderiam evitar parte do problema.

Para verificar a eficácia das técnicas conservacionistas a produtividade média foi comparada entre áreas da mesma lavoura e com regime de chuvas iguais. Nos lugares onde foram aplicadas os resultados obtidos foram visivelmente superiores e mensuráveis.

A partir deste trabalho conclui-se que além da falta de chuva, fatores como falta de matéria orgânica no solo, rotação de cultura deficiente, desestruturação da engenharia de curvas de nível e terraços e até mesmo, manejo inadequado de calcário e fertilizantes, são fatores que contribuem para a frustração financeira das safras na região.

Afinal, todos estes fatores se apoiam nas propriedades microbiológicas do solo que permitem “mais” ou “menos” fixação de água e nutrientes na lavoura e consequentemente nas plantas.

Saiba o que está acontecendo com o solo das lavouras Missioneiras

Foto - Márcia Dezen - Lavoura de soja em Santo Ângelo
Foto – Márcia Dezen – Lavoura de soja em Santo Ângelo

Márcia Dezen explica que “quando se fala em solo fértil muitos entendem como altos níveis de nutrientes presentes no solo. Na realidade, um solo fértil abrange não só a questão química, mas também a parte física, relacionada à porosidade e a biológica que está relacionada à matéria orgânica e microorganismos benéficos presentes. Altas produtividades são alcançadas quando se consegue equilibrar estes três fatores primordiais”.

Um dos principais sintomas do solo desestruturado é a compactação. Nestas condições a chuva que incide na lavoura não consegue penetração suficiente, escorre pela superfície, leva consigo nutrientes e a terra volta a ficar seca rapidamente, com isso, as plantas sofrem com a falta de água e não produzem de modo adequado, mesmo com adubação química e controle de doenças e pragas.

“Conservadores de Solode Santo Ângelo”

O agrônomo e extensionista Álvaro Uggeri informou que no ano de 2017 foi criado um grupo no intuito de aplicar a campo os preceitos da agricultura conservacionista e estimular os agricultores as serem também pesquisadores e observadores.

Para os extensionistas da Emater a estruturação do solo é a base do sistema e o fator mais importante a ser observado neste contexto. “A produtividade se constrói a partir de ajustes nos vários fatores de produção, população de plantas ideal, fertilidade, controle de competidoras, insetos e doenças e também a estruturação de solo que é a base do sistema, sendo portanto um dos fatores mais importantes” acrescenta Álvaro.

Estruturação do solo só se consegue com a utilização dos preceitos da agricultura conservacionista: rotação de culturas (onde deve ser alcançado no mínimo 8 toneladas de palha por hectare por ano) plantio em curva de nível, terraceamento e fertilização e calagem adequada.

É importante corrigir os problemas de fertilidade em profundidade e também corrigir problemas de estruturação, como o adensamento e a compactação pois, além de prejudicar a produtividade das lavouras o adensamento causa o escoamento superficial da água sobre o solo, água perdida que acaba por não nutrir as plantas, não abastece o lençol freático, não mantém as nascentes, carreia os insumos agrícolas e o material orgânico para os mananciais de superfície, danifica as estradas polui e contamina os sistemas do entorno”

As principais intervenções aplicadas na metodologia de manejo?

Segundo informações do escritório local da Emater o trabalho foi iniciado com intervenções à campo a partir da identificação de possíveis fatores limitantes como adensamento, compactação e erosão de solo. A partir do diagnóstico montamos com o agricultor estratégia de manejo de acordo com a realidade em termos de sistema de cultivos, máquinas e equipamentos disponíveis e disponibilidade de tempo e mão de obra. Todos os passos são discutidos com o agricultor.

O objetivo principal deste trabalho é que ao ajustar a base de sua empresa, que é o solo, o agricultor alcance boas produtividades, principalmente em anos de baixos volumes de chuva

Também de forma indireta, ao estruturar o solo, temos os benefícios ambientais, a água infiltrará com maior facilidade abastecendo o lençol freático e as nascentes, diminuindo os riscos de erosão e a perda de solo para os rios (o que temos visto regularmente nas águas barrentas de nossos rios).

Extensionistas da Emater de Santo   Ângelo comprovam o que pesquisadores da Embrapa tem alertado. Sem medidas de conservação o solo das lavouras está cada vez mais compactado, a água escorre pela terra e leva junto o investimento dos agricultores. Mas o problema tem solução, áreas de lavouras que participaram do projeto Conservadores de Solo alcançaram produtividade maior que a média do município e conseguiram minimizar os efeitos da estiagem
Extensionistas da Emater de Santo Ângelo comprovam o que pesquisadores da Embrapa tem alertado. Sem medidas de conservação o solo das lavouras está cada vez mais compactado, a água escorre pela terra e leva junto o investimento dos agricultores. Mas o problema tem solução, áreas de lavouras que participaram do projeto Conservadores de Solo alcançaram produtividade maior que a média do município e conseguiram minimizar os efeitos da estiagem
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