Apesar dos alertas globais pela preservação ambiental, bairro de Santo Ângelo convive há décadas com descarte ilegal de resíduos que poluem solo, ar e água
Na última quinta-feira, dia 5, quando o mundo volta os olhos para os desafios e compromissos com o meio ambiente, pois se comemorou o Dia Mundial do Meio Ambiente. Neste contexto, Santo Ângelo enfrenta uma realidade que contrasta com os apelos por sustentabilidade: há décadas diversas áreas urbanas e rurais, em especial a Rua Alfredo Leopoldo Fett, na zona urbana da cidade, abriga um verdadeiro lixão a céu aberto, onde diariamente são despejados resíduos de toda espécie — de roupas velhas a móveis inutilizados, passando por plásticos, carcaças de eletrodomésticos e entulhos diversos. Por diversas vezes foi constatado animais mortos que eram despejados nas margens da rua ou dentro do rio.
Além do impacto visual e do mau cheiro que atinge moradores e comerciantes da região, o problema torna-se ainda mais grave ao se considerar que parte significativa dos detritos é arrastada pelas chuvas ou descartada diretamente dentro do Rio Itaquarinchin, um dos principais cursos d’água que cortam o município. A poluição compromete a biodiversidade local, agrava o risco de enchentes e contribui para a degradação de um ecossistema já fragilizado.
Uma ferida aberta no coração da cidade
Moradores relatam que o problema se arrasta há mais de 20 anos, sem soluções efetivas por parte do poder público. “A gente já fez abaixo-assinado, ligou para a prefeitura, pediu fiscalização, mas nada mudou. O lixo só aumenta, e quem sofre somos nós”, lamenta uma moradora, que vive a poucos metros do ponto de descarte irregular e prefere não se identificar. Enquanto em outras cidades iniciativas como coleta seletiva, ecopontos e campanhas de conscientização ganham força, em Santo Ângelo a omissão e a falta de políticas públicas efetivas acabam empurrando a população para práticas nocivas ao meio ambiente — e, por consequência, à própria saúde pública.
O alerta global
O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado anualmente desde 1973, é promovido pela ONU como uma oportunidade para governos, instituições e cidadãos refletirem e agirem em prol da proteção ambiental. Em 2025, o tema da campanha é “Acabar com a poluição plástica”, enfatizando a urgência de restaurar ecossistemas degradados e reduzir os danos provocados pela ação humana.
Fazer essa reflexão em Santo Ângelo significa encarar de frente a realidade da Rua Alfredo Leopoldo Fett — um símbolo do descaso ambiental que exige ações imediatas e coordenadas entre a prefeitura, órgãos ambientais, Ministério Público e a própria comunidade.
Caminhos possíveis
Especialistas alertam que a solução não passa apenas por remoção de resíduos, mas por uma abordagem integrada que inclua:
– Fiscalização rigorosa e multas para descartes ilegais;
– Instalação de ecopontos para recebimento adequado de móveis, eletrodomésticos e resíduos volumosos;
– Educação ambiental contínua nas escolas e comunidades;
– Programas de incentivo à reciclagem e reutilização de materiais;
– Requalificação da área com plantio de vegetação nativa e proteção das margens do rio.