O curso de água do Rio Comandaí e a geografia da localidade onde ele passa, no interior de Santo Ângelo, historicamente despertou o interesse para a geração de Energia. A segunda matéria desta série relembra fatos da família Piccoli que doou a área de terras onde atualmente está instalada a MCH – Mini Central Hidrelétrica Claudino Fernando Piccoli. Este empreendimento destinado a produção de eletricidade é mantido e administrado pela CERMISSÕES – Cooperativa de Distribuição e Geração de Energia das Missões.
O Distrito de Comandaí e o curso de água está na divisa dos municípios de Giruá e Santo Ângelo, à 19,5 quilômetros da Catedral Angelopolitana. A estrada é praticamente toda de chão batido e o tempo estimado de deslocamento de carro é de 42 minutos ou 1h12min de bicicleta.
A área de terra foi doada pelo casal Edgar e Sara Piccoli e logo na entrada da micro usina pode ser visto um busto erguido em homenagem a Claudino Fernando Piccoli. Junto a este monumento também é preservada a peça de uma antiga turbina de geração de energia pertencente aos Sr. Claudino, morador que foi considerado um idealista na produção de energia e sempre sonhou com um empreendimento desta natureza naquela localidade.
CARACTERÍSTICAS DA USINA
A nascente do rio está a cerca de cinco quilômetros desta mini usina e o volume de água disponível permite, com o sistema instalado, a produção média de 0,35 MW, (350 kw) por hora, energia que colabora com a eletrificação rural dos moradores próximos.
Segundo a Cooperativa são cerca de 700 famílias rurais servidas por aquela central hidrelétrica. No entanto, a quantidade de água disponível não permite que os motores trabalhem em plenitude e obriga a cooperativa adquirir energia em períodos de menor incidência de chuva. Consequentemente a capacidade de produção desta mini hidrelétrica não é suficiente para a demanda de clientes da Cermissões naquela localidade.
Outra característica do sistema é que ele necessita de energia elétrica de terceiros para o funcionamento e quando “falta luz” a produção para. Segundo informações técnicas esta usina é assíncrona, ou seja, não é capaz de fornecer energia elétrica isoladamente.
Na barragem uma comporta permite o escape constante de água para manter a biodiversidade e o ecossistema característico do rio Comandaí, inclusive equipes de biólogos e engenheiros ambientais fazem vistorias na área de preservação ambiental no entorno da Hidrelétrica, periodicamente são analisadas a qualidade da água e o desenvolvimento e manutenção da fauna e da flora.
O sistema se utiliza de um desvio do rio que logo após a barragem cria um canal de água que segue a céu aberto até a “câmara de carga”, construção que tem uma comporta e uma grade que impede que partículas de materiais diversos como folhas e galhos entrem pelo tubo metálico que conduzirá a água em queda até as duas turbinas do tipo Francis de 175 kw.
Família Piccoli
Na área de terras onde está a Usina podem ser vistas as ruínas das benfeitorias da família Piccoli, um chaminé se destaca na paisagem e edificações onde funcionava uma olaria também chama a atenção, há também outra edificação que ainda guardam muitas engrenagens que indicam que ali também existia um moinho.
A família Piccoli já se utilizava da força d’água para produzir energia elétrica e motora. Atividades como produção de farinha, tijolos já eram feitas neste local bem antes da cooperativa instalar o sistema da MCH, mostrando que os colonizadores já tinham a habilidade de produção energética, bem como a busca pela autossuficiência, mesmo em áreas da zona rural de Santo Ângelo.