No último final de semana (dias 09 e 10), Gabriel de Mamann Nascimento esteve em Santo Ângelo representando o programa de pós-graduação de geografia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para coletar fotografias e fazer o reconhecimento das quedas d’água existentes no município, pois ele estuda o potencial da geoeducação tendo como referência estes lugares que podem ser considerados como patrimônio da geodiversiade e da geoconservação. Este material fara parte da dissertação que está produzindo com metodologia e orientação científica para o título de Mestre
O potencial de visitação das quedas d’água de Santo Ângelo com fins de estudo da geografia regional, bem como, o potencial turístico destas formações é tema de uma dissertação de mestrado que será defendida pelo santo-angelense Gabriel de Mamann Nascimento. Ele é professor de geografia da educação básica na rede privada de Santa Maria e pretende concluir e defender, ainda em 2021, o trabalho que tem como título o “potencial de geoeducação nas quedas d’água de Santo Ângelo”.
Gabriel explica que a produção científica em andamento vai fornecer material aprofundado sobre a formação geológica destas quedas e pode contribuir com a educação formal e informal dos moradores. Pois são lugares conhecidos da comunidade e fornecem um rico material de observação e de estudo.
Em suma, o conhecimento aprofundado do tema permite a compreensão da história geológica do planeta, mas principalmente da região onde estão inseridos os moradores, contribui para os atos de valorização e conservação dos aspectos naturais, bem como, com a promoção da visitação com finalidades turísticas e de ensino formal.
A ideia é aproveitar as quedas d’água como um patrimônio, considerado neste trabalho, não só o patrimônio construído, mas os aspectos geológicos como um todo, pois ele acredita que é possível aliar aos componentes curriculares já estudados pelos alunos com a prática da observação in loco.
Para tanto, Gabriel tem como base o estudo da geografia a partir da diversidade e da conservação, ou seja, organiza a pesquisa a partir dos conceitos da geodiversidade e da geoconservação. A base deste estudo promove a reflexão sobre as questões do meio-ambiente a partir do meio abiótico, para além da flora e da fauna, pois os registros das rochas e das formações geológicas são a base deste ecossistema que envolve as quedas d´água e de todo o seu entorno. Uma vez compreendido estes aspectos, será mais um componente de valorização dos lugares e das práticas conservacionistas.
“Como sou natural de Santo Ângelo e resido há quase 10 anos em Santa Maria, o estudo também é uma forma de contribuir com minha terra natal, com futuros projetos que visem desenvolver e ajudar a conservar este patrimônio que é dos moradores” explicou o pesquisador ao visitar a Cascata do Itaquarinchim.
Ao visitar o lugar o estudioso fez um alerta para a necessidade de se manter a vegetação nativa, pelo menos, no leito dos rios. “O Aquífero Guarani se estende do planalto meridional brasileiro (localizado no Rio Grande do Sul), abrange toda a bacia sedimentar do Paraná e vai até o Matogrosso do sul, caso não mantermos as vegetações preservadas a água da chuva vai muito mais escoar que infiltrar e podemos perder esta riqueza (aquífero) que a natureza levou milhões de anos para fazer, podemos acabar com estas reservas em pouco tempo”, alertou Gabriel.
Nota do editor
O estudo de mestrado deste pesquisador foi inspirado no inventário das cascatas publicado com o título ‘Quedas d´água’ aqui no Mensageiro. Trabalho jornalístico que elaboramos no ano de 2020 e que teve como ponto de partida a série que chamamos de ‘Água doce’ (2019).
Aproveitamos o eco das informações para observar a urgência de ações que permitam a fluência da água em seu ciclo natural. Processo que depende da vegetação nativa que precisa ser preservada.
Dito isso, quero alertar também que o discurso social que difunde a ideia de ‘crise hídrica’, disfarça o problema. Disseminam a ideia de que existe falta de água no planeta, mas o problema reside na interferência desmedida dos moradores no fluxo, ou ciclo da água. O modo de vida das populações contamina os mananciais hídricos e restringe o acesso a este bem natural no seu estado mais puro.
Como confirma o pesquisador, a água mais escoa do que infiltra. Portanto, o impacto das nossas ações se reflete no solo praticamente impermeável que formamos com a terra compactada pelo manejo inadequado da produção agrícola e também pelos conglomerados urbanos. Estes últimos além de impedir que a água infiltre, geram quantidade variada de contaminantes que se misturem na água, além de lixo doméstico e industrial que acaba nos rios e superfície do solo.
Segue um mapa georreferenciado com o trabalho jornalístico das quedas d´água:
https://www.google.com/maps/d/edit?mid=1tQ9LFaFRMSJgx8zU-zjHUKVaDeqh7gjS&usp=sharing