A difícil arte de amar (VII)

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Num país subdesenvolvido como o nosso, todo o empresário bem ou mal sucedido exerce um papel de grande função social. Afinal é ele que fomenta o fluxo do intercâmbio permanente  entre capital e trabalho, promovendo na sua atividade a geração das riquezas que alimentam os recursos permanentes para o equilíbrio, tanto da máquina estatal – no recolhimento de tributos de toda espécie –, como dos operadores, intermediários e prestamistas, que gravitam em torno das empresas.
Sabemos que o estado-soberano nos primórdios da organização social era o único dono de terras e suas riquezas. Mas ainda no reinado dos faraós – alguns milênios antes de Cristo -, começamos a sentir uma mudança intestina entre duas forças que foram, ao longo dos séculos se definindo, privando cada uma de suas propriedades particulares, pois esta era a expressão máxima de poder.
Nesse divisor de águas temos de um lado o rei como soberano absoluto do poder temporal, com o estado como proprietário de terras e suas riquezas; e de outro lado o clero que mantinha grandes concessões de terras, explorando-as como bem lhe aprouvesse. Em ambos os casos estava o povo – homens, mulheres, infantes e velhos – como agente propulsor e fomentador de tudo o que lhe podia fornecer a terra.
Vivemos nesse período da história da humanidade um purgatório coletivo. Onde se trabalhava para o rei, ou para o clero. Fora isto, se era um proscrito. Um miserável, faminto, desnudo e descalço. Condenado a viver nas matas na busca de alguma caça ou fruta. Com a criação dos feudos e condados, abriu-se novas fontes de trabalho, mas que não deixavam de ter as características de servis, cuja remuneração se restringia ao mínimo do que produzia um chefe de família para sua manutenção e de seus familiares.
Nossa estrutura social de hoje foi uma conquista de muitos séculos derramados sobre a humanidade sofrida. E se definiu acentuadamente a partir do surgimento da industrialização e produção em massa, o que não se deve nem ao estado e nem a clero, mas da ânsia de liberdade do povo, donde, então, surgiram, de tempo em tempo, luminares das ciências, letras e das artes.
Muitos e muitos anonimamente foram os nossos heróis. Tanto do lado da realeza – em reinados de homens justos e amoráveis ao povo -, que reconheceram direitos e deram aberturas que se consolidaram no tempo, como do próprio povo, cujo trabalho e heroísmo contam no Livro da Vida, onde seu trabalho e abnegação foram o gérmen que lhes enobreceu e testemunhou seu amor ao seus semelhantes, querendo-lhes uma vida digna e  melhor.

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