Sábado – 22/01/2011

O homem e o cósmico“Antes que se tenham afrouxado os laços da personalidade, não se pode começar a ver o profundo mistério do ser.” Collins, M. Qual um...

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O homem e o cósmico
“Antes que se tenham afrouxado os laços da personalidade, não se pode começar a ver o profundo mistério do ser.” Collins, M.

Qual um tecido imenso, diáfano e invisível, percebemos o tempo e, de alguma forma, buscamos marcá-lo, medi-lo e, até, ilusória e poeticamente, segurá-lo. Porém, dentro da fenomenologia das formas, todos nós tendemos a evoluir. E, em decorrência disso, somos seres em contínua transformação e com inteligência bastante para percebermos despender ou gastar tempo. Pois o agora, por mais que busquemos espichá-lo, é fugaz. Inexoravelmente desliza, escorrega e vai, para nunca mais.
É importante que cada fato e nossos atos nos marquem, pois disso resultará que analisemos os momentos de cada evento que vivenciamos, de forma eficaz, fraterna e solidária, em que remanesça disso uma essência agradável. E, como se fosse uma fonte, dela possamos nos servir, como refúgio ou inspiração, nos momentos mais longínquos da nossa existência. E se isso nos fizer felizes, que bom (!), pois talvez seja tudo o que justifique nossa grande aventura, que é viver.
Quando tudo corre sem consequências maiores, em que todas as situações estão sob nosso comando, podemos dizer que somos felizes. E é aqui que está o nosso grande engano, e a própria negação da nossa natureza. Se olharmos para as grandes figuras do mundo, podemos conjeturar que, pelo poder que detêm, sejam felizes. Mas sabemos que, mesmo que tenham o que têm e possam o que podem, não são felizes. Afinal, Adão já deu o exemplo, aportou por aqui em degredo perpétuo, expurgado que foi pelo Supremo Julgador,  nem se sabe que fim levou. Se aqui tinha mais gente e caiu numa emboscada ou serviu de presa de alguma fera, mas, com certeza, bom fim não teve, e não deixou uma só linha escrita dizendo que foi feliz.
À medida que os descendentes de Adão foram proliferando (pois dizem que somos descendentes dele), as coisas foram de mal a pior. E o ser humano passou a trabalhar contra sua própria espécie, então o inferno prosperou, e o homem passou a temer o próprio homem, que personificou todo o mal. Então nasceu o mistério, que é cada ser. Hoje não vemos o próximo com um coitado qualquer, ou um pobre irmão. Ele é uma incógnita. Um mistério ou, melhor dizendo, um campo minado, mormente quando há disputa por espaço de personalidade.
Sabemos que o cérebro maquina, ou, como querem outros, calcula. Mas é só pelo coração que o homem poderá desvendar os mistérios que envolvem o ser humano. A questão não depende de raciocínio, e sim, de sentimento. Diz o sábio: “Considera ansiosamente o teu próprio coração”. É dele que haverá de brilhar a única luz capaz que iluminar a vida e torná-la clara aos nossos olhos.  Quando decifrarmos essa linguagem, conheceremos todos os homens e mulheres que, conosco, compõem a grande e sofrida saga da humanidade, e, então, sem perquirirmos, seremos naturalmente felizes.
Hoje todos os nossos instantes são incertos. Indagamos temerosos sobre o nosso futuro:- se vida, falência, renascer ou morrer? Ou, melhor seria, não pensar? Há rios de luz que, momentaneamente, não vemos, mas que o conhecimento e o pensar nos fazem antevê-los. E isso nos faz vislumbrar que, para além do astral (onde ululam as almas em expiação) há um reino de glória e luz. E este é o lume que nos leva a buscar agirmos com justiça e brandura com todos os seres da grande e sofrida comunidade terráquea.

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