Carlos Boff e seus vinhedos

Em mais uma matéria especial da série "Nós e as plantas", conheça a história de um vitivinicultor que se dedica a produção de uvas selecionadas e vinhos especiais....

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Vinha de Carlos Boff com 5000 mil videiras. Foto: Marcos Demeneghi
Vinha de Carlos Boff com 5000 mil videiras. Foto: Marcos Demeneghi

Carlos Boff dedica tempo integral ao estudo, cultivo e observação das videiras. O resultado é uma peculiar produção de uvas selecionadas e vinhos especiais, como consequência, os sabores e aromas de uvas produzidas na região das Missões chamam a atenção de apreciadores de vinhos de outras regiões do Brasil. Conheça algumas peculiaridades regionais que contribuem para o cultivo destas milenares plantas que permeiam a cultura de muitos países

As cinco mil videiras de Carlos Boff se enraízam em solo das Missões, estão em pouco mais de dois hectares e concentradas em uma área mais pedregosa margeada pelo Rio Ijuí na zona rural de Santo Ângelo, RS. É a partir da observação do microclima deste lugar, que Carlos concretiza o projeto de resgate de variedades viníferas tradicionais e a produção de vinhos especiais, ou seja, vinhos que mantêm a essência das bagas produzidas na propriedade.

A expertise de produção deste vitivinicultor – pois ele mesmo produz a uva e o vinho – é focada na menor interferência possível, com vistas a alcançar um sabor único que mantém as características regionais. O resultado revela o trabalho diário de Carlos Boff e sua relação com as videiras.

Foi a partir da observação do clima local, das características do solo que Carlos Boff percebeu o potencial para concretizar um desejo seu e também, um antigo sonho do avó materno, Don Carlos, que hoje dá nome aos vinhos que produz.

Vitivinicultor Carlos Boff - Foto: Marcos Demeneghi
Vitivinicultor Carlos Boff – Foto: Marcos Demeneghi

Parece que o objetivo foi alcançado, pois as uvas e vinhos Don Carlos já conquistaram paladares exigentes em outras cidades do Rio Grande do Sul e do Brasil. Carlos garante a venda de tudo que produz e também recebe pessoas que vem de outras regiões, exclusivamente para conhecer o sabor do “Vinho Missioneiro”, pois o resultado chama a atenção de quem prima por um estilo de vida mais natural, que busca o resgate da essência das plantas e dos sabores da natureza.

Carlos faz uma comparação entre o clima de Santo Ângelo e o clima da Serra Gaúcha, ele explica que as características locais são ainda mais propícias para a produção das videiras e também explica as razões. Um dos fatores está associado à amplitude térmica, ou seja, dias bem quentes e noites mais frias, principalmente na localidade onde cultiva suas videiras. Outro fator está relacionado a regularidade das chuvas, ele considera que os períodos mais secos, observados nas missões em determinadas épocas do ano, contribuem para a sanidade da planta e para o particular sabor e aroma da uva. “São uvas de qualidade superior” afirma Carlos Boff.

Neste espaço são cultivadas espécies raras, entre elas, a Saperavi da Geórgia, Branca Vranac, Nocera, Mouvedre, Pinot Kors, Pignolo, variedade de origem Servia, entre outras mais conhecidas e cultivadas no Rio Grande do Sul.

A relação com as videiras

No ano de 1998, Carlos implantou 200 videiras para produzir uva de mesa para o consumo familiar. No ano 2000, iniciou o plantio das variedades viníferas. Desde a primeira muda implantada na propriedade, nunca mais parou de ler e estudar sobre estas tradicionais plantas, que se tornaram companheiras com quem desenvolve a sua principal atividade e trabalho.

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O trabalho e a relação com as vinhas absorve o tempo deste vitivinicultor o ano todo. Mas entre agosto e fevereiro o trabalho é dobrado, no inverno, são realizadas as manutenções na estrutura dos vinhedos, em agosto, é tempo de poda, logo em seguida é realizada a desponta, a condução das ramadas e amarrações, entre outros trabalhos que fazem parte da produção. Já os cuidados com as doenças e pragas são constantes, inclusive o produtor envelopa a área dos cachos para evitar que os passarinhos façam a festa e danifiquem os cachos.

Reportagem e edição| Marcos Demeneghi

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