Sábado – 21/05/2011

Desapego do OuroSedentos de ouro são os espíritos que mais padecem no outro lado da vida. Muitos não admitem nem mesmo a partilha dos bens deixados na terra....

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Desapego do Ouro
Sedentos de ouro são os espíritos que mais padecem no outro lado da vida. Muitos não admitem nem mesmo a partilha dos bens deixados na terra. Outro dia, falei no programa Aldeia Global, do costume antigo dos tesouros enterrados. Ai de quem mexer neles. Mário Brasil Antunes Gomes, amigo de longa data, de casas próximas na Marechal Floriano, acompanhava o meu diálogo radiofônico com o Luiz Roque, como em todas as manhãs de quarta-feira, pela Sepé Tiaraju. Então, o Mário foi para o computador e me encaminhou o seguinte e-mail:  “Oscar. Ouvi o teu comentário sobre tesouros. Não tenho nenhum enterrado, mas sei que os bens terrenos não representam felicidade. Muitas vezes o ser humano se torna escravo dos sentimentos de posse. Uma vez adquiridos, não admitem a idéia de perdê-los. O pior é quando levamos esse estado de espírito para o Além-Túmulo, como verdadeira idolatria.”
E segue a argumentação do Mário: “Não podemos desmerecer, contudo, o trabalho honesto de quem lutou para consegui-los e conservá-los. O desapego aos bens terrenos, mirado no exemplo dos nossos sábios, é meta indispensável. Pelo menos, em nossos últimos anos de vida. Tudo para que possamos nos liberar do fardo material ainda na plenitude da nossa existência.
Há pouco, enquanto escrevia, atendi o telefone. Era a minha amiga da Apecan (é amiga porque me faz lembrar da obrigação cristã da caridade). Mais uma criança necessitando de tratamento para o câncer! Como sabes, com a morte de minha filha, por triste ironia do destino, tornei-me seu herdeiro. Recebi um apartamento e um automóvel. Na verdade, os recebi de volta.”
E o amigo Mário finaliza assim suas oportunas considerações:
“O amor verdadeiro se dá quando existe desprendimento. Quando não exigimos reciprocidade ou gratidão. Da mesma forma é caridade, pois a mão que dá não deve nunca esperar retorno. Um abraço fraterno.”
Para quem não sabe, cumpre informar que o Mário é pai da dentista Márcia Nascimento Gomes, vítima de homicídio na Rota do Sol, há pouco mais de um ano. Em homenagem a essa moça, existe, no Orkut, comunidade intitulada Márcia Gomes – Anjo da Rota Sol.
Convém esclarecer que não há erro em alguém trabalhar e enriquecer. O erro está na escravização à moeda. O dinheiro bem obtido e bem aplicado rende empregos e sustento para muitas famílias.
Cria indústrias, movimenta o comércio, incentiva a agricultura. Acelera o progresso, enfim. Triste é o estágio evolutivo dos que se apegam de tal forma à busca do ouro, que se tornam incapazes de auxiliar quem quer que seja. É o que se chama egoísmo em dose máxima. Como dizia um amigo, sobre o mesmo tema:  – Ele era tão rico, tão rico, que só tinha dinheiro…

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