A água emprestada do rio

Na última matéria da série “água doce” publicamos dados que ajudam entender a relação dos santoangelenses como a água. Como ela chega nas residências e como volta para...

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Água doce - Sangas e nascentes urbanas (5) (Copy)Toda pessoa que mora em Santo Ângelo já tem um compromisso com os Rios e Riachos da Cidade. Você sabia que entre as 20 cidades que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Ijuí, apenas duas, Santo Ângelo e Ijuí fazem abastecimento público utilizando 100% de águas superficiais? Cinco cidades da bacia têm fontes mistas e 13 fazem captações subterrâneas para o abastecimento público.
Portanto, utilizamos apenas água de rio para nossas atividades diárias, sendo que 75% da água vem do Rio Ijuí e 25% do Arroio Itaquarinchim. Quem coleta e distribui a água é a Corsan – Companhia Riograndense de Saneamento Básico, que também é encarregada de montar a infraestrutura para coletar e tratar a água antes de devolvê-la para os rios.

COMO A ÁGUA CHEGA
Em uma residência normal a água entra em canos de 25 milímetros e sai para o esgoto em canos de 100 milímetros. O cano maior é usado porque a água levará consigo uma série de materiais orgânicos e inorgânicos que produzimos em nossas casas e corpos.
No município de Santo Ângelo a Corsan fornece água para 32 mil usuários. Cada família da cidade toma emprestado do Rio Ijuí, ou do Arroio Itaquarinchim, uma média de 450 litros de água todos os dias. A água chega apropriada para beber, pois a companhia usa uma metodologia de testes e análises realizadas de hora em hora, 24h por dia. Os técnicos da Corsan afirmam que é só abrir a torneira e consumir a água sem receio.
Neste processo são utilizados produtos químicos como o sulfato de alumínio que provoca uma “espécie de coagulação” separando as partículas agregadas na água, elas ficam mais densas e vão para o fundo de decantadores, aquela água que fica na superfície, mais cristalina e pura, é conduzida a um sistema de filtragem, recebe cloro que garante a desinfecção, o flúor e finalmente segue para as residências.

“A DIFERENÇA ENTRE O REMÉDIO
E O VENENO, É A DOSE”
A água dos córregos e riachos que cortam a cidade perde o poder de diluição do nosso esgoto quando ficam assoreados, sem oxigênio e propensos a proliferação de organismos anaeróbicos, ou seja, bactérias, vermes, parasitas, seres que não toleram o oxigênio.
A explicação é da professora Maria Lorete Flores que é coordenadora do curso de Ciências Biológicas da URI, ela explica que a quantidade de material orgânico e inorgânico que vai para o rio interfere diretamente nas propriedades do curso hídrico, e dependendo da quantidade de esgoto e outros materiais que são jogados no rio vão promover o assoreamento e a dificuldade do ecossistema diluir os materiais, consequentemente de promover a regeneração da água
Um dos termômetros do desiquilíbrio é quando seres aeróbicos, aqueles que necessitam de oxigênio para sua sobrevivência, morrem. Portanto o objetivo é manter a água oxigenada e propensa a vida dos seres aeróbicos, como os peixes. Quando a água movimenta-se livremente sem excesso de materiais orgânicos ou inorgânicos, fica oxigenada e cheia de vida.
A mata ciliar, ou seja, a vegetação mantida no entorno destes cursos de água, também é fundamental na saúde do rio e da água.

A DOSE
Segundo a Corsan 7.428 usuários estão conectadas na rede de esgoto da cidade, outras 2.261 têm rede disponível, mas não usam o serviço. A grande maioria 22.311, ainda não contam com rede de esgoto. Usam fossas sépticas, fossos negros e até despejam esgoto diretamente nos riachos.
O adensamento populacional sem o devido planejamento urbano cria dificuldades para manter o equilíbrio do ecossistema, tanto na zona urbana, quanto, rural. São 80 mil pessoas que moram no município e todas geram resíduos orgânicos e inorgânicos ou alteram as margens dos rios.
Quando Santo Ângelo começou a ser povoada tinha menos habitantes e o rio mantinha a capacidade de diluir e reciclar naturalmente o esgoto dos moradores. Houve um crescimento populacional, os hábitos de consumo se alteraram. Embora não temos conhecimento de estudos científicos conclusivos que demonstrem o nível de contaminação de nossos córregos, rios e aquíferos. Muitos efeitos são visíveis, tanto na zona urbana, quanto na zona rural.
Um dos problemas comuns é o desmatamento no entorno do Rio Ijuí e dos demais córregos e arroios. A mata ciliar foi retirada para construir casas, ruas. Na zona rural existem produtores rurais que não respeitam a área de preservação prevista na legislação, isso favorece que a chuva leve terra para o rio e também resíduos de agrotóxicos. A compactação e adensamento do solo das lavouras (assunto já editado nesta série) também interferem no ecossistema, impeÁgua doce - Itaquarinchim cascata - lixo nas margens (76) (Copy)dindo que a água infiltre no solo e cumpra seu ciclo natural.

Água doce - Itaquarinchim cascata - lixo nas margens (77) (Copy) água doce - jato de água (1) (Copy) Água doce - Sangas e nascentes urbanas (12) (Copy) Água doce (1) (Copy) Água doce (7) (Copy) Compactação e adensamento de áreas agrícolas em Santo Ângelo (6) - água doce (Copy) Guardiões de nascentes - Água doce (3) (Copy)

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