Antes da expansão das lavouras de soja no município, o transporte ferroviário, o curtimento do couro e o plantio e beneficiamento do fumo impulsionavam a indústria, e consequentemente, o comercio e os serviços acompanhavam a pujança da cidade. Daquele tempo, restaram referências visuais, como as Chaminés da Souza Cruz e do Curtume Basso.
Mas que utilidade tinha estes enormes cilindros de tijolos que se erguem a 30 metros do solo?
Por intermédio do Historiador santo-angelense, Mário Simon, consultamos Antônio Gassen, que foi um dos diretores da Souza Cruz no Brasil, hoje residente em Florianópolis. Na tarde da última segunda-feira, dia 16, confirmou que a chaminé da fábrica era um exaustor da caldeira a lenha. Sistema que servia para produzir vapor (calor) para a secagem das folhas de fumo cabe lembrar, que na indústria de Santo Ângelo não se fazia o cigarro, apenas se beneficiava as folhas de fumo, posteriormente eram enviadas para outras unidades da empresa que montava o cigarro.
O escritor e historiador Léo Fett, em narrativa que remonta aspectos visuais do passado descreve o cenário que remete a expansão industrial do município naquele tempo. Nas paginas do seu livro, narra algumas memórias sobre as instalações prediais da Sociedade da Banha Sul-Rio-Grandense LTDA e da Indústria de Fumo em Folha – Souza Cruz. Na narrativa do ilustre morador, uma visão em especial chama a atenção e parafraseamos pela singular lembrança. Ao chegar na cidade pela estrada de ferro, a bordo do trem, a direita visualizava expelindo fumaça negra, uma chaminé de trinta metros de altura, o tubo era da Souza Cruz, a esquerda, talvez mais elegante na opinião do escritor, outra chaminé, que fazia parte da Sociedade da Banha, mais tarde, Frigorífico Nacional.
A chaminé da “Sociedade da Banha” foi atingida por um raio, ficou danificada e mais tarde foi demolida. Mas restam outras duas chaminés semelhantes. Uma delas faz parte do patrimônio da massa falida do Curtume Basso e a outra, que era da Souza Cruz, atualmente está incorporada ao patrimônio da Alibem, sem utilidade funcional. Esta última teve o acesso ao interior lacrado, restaram ao redor da construção duas salas utilizadas para realizar conferências, reuniões ou treinamentos.
As caldeiras produziam vapor utilizado em processos industriais que mantinham a temperatura em diversos sistemas necessários para as funções de cada uma das indústrias, desde a produção de calor em câmaras quentes até o calor específico necessário em processos de curtimento do couro, no caso do Curtume Basso. Conforme relatos do Sr. Armindo Braatz, disponíveis no blog Santo Ângelo em Fatos, o Curtume Basso foi instalado em Santo Ângelo no ano de 1940. Ainda na década de 80, o Curtume atuava, inclusive com a exportação de couro para outras partes do mundo.
Segundo artigo do Professor Roberto Lobato Corrêa do Departamento de Geografia da UFRJ, a Souza Cruz, se instalou em Santo Ângelo no ano de 1928. Foi a segunda usina de beneficiamento de fumo no Brasil e, consequentemente, contribuiu para o crescimento da cidade e da região. A fábrica atuou até o ano de 1972, quando a região perdeu a importância na produção desta matéria prima. Simultaneamente ocorreu o fechamento da usina e dos depósitos atacadistas existentes em Santo Ângelo.
Clóvis Roberto Machado
Meu pai trabalhou na Souza Cruz,eu sinto muita saudade daquele tempo, eu era criança mas me recordo das festas que aconteciam lá dentro,principalmente as festas de natal,nossa era muito lindo, hoje só resta a lembrança,quando passo por ali quase choro,pois recordo a empresa forte que havia ali e também do meu saudoso pai que está com Deus.