Pesquisador Gaúcho reconstitui a história de uma foto de Bento Gonçalves da Silva, ícone da Revolução Farroupilha, e descobre que a imagem retratada é anterior a invenção da fotografia, sendo realizada pouco antes da popularização dos retratistas viajantes, ocorrida em 1843, no Uruguai e também na fronteira do Rio Grande do Sul com a invenção do Daguerreótipo
Uma fotografia atribuída a Bento Gonçalves (1788 – 1847) que pertence ao Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul ganha status de autêntica. A conclusão é do professor e pesquisador Édison Hüttner, que realiza um estudo de resgate das simbologias do Rio Grande do Sul, pela PUC/RS – Pontifícia Universidade Católica.
Uma das linhas de pesquisa analisou a história desta fotografia que pertenceu ao acervo do Museu Júlio de Castilhos e posteriormente passou a compor o Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul.
Por meio deste trabalho, foi possível concluir que é uma “imagem autêntica” do General Bento Gonçalves, capturada por meio de uma técnica primitiva de fotografia impressa em vidro chamada “daguerreotipia”, e num segundo momento, anos após a sua morte, foi solicitado ao estúdio fotográfico de Alberto Bixio, em Montevideo, uma cópia que ficou em posse da família de Bento Gonçalves.
A fotografia analisada pertenceu a Raul Gonçalves da Silva, bisneto do General. Ele doou o documento fotográfico a Borges de Medeiros, que no ano de 1927 entregou a referida fotografia ao Museu Júlio de Castilhos. A autenticidade da assinatura de Borges de Medeiros, que consta no documento entregue ao museu também foi confirmada.
“Esta foto de Bento Gonçalves da Silva representa muito para nossa história, para a tradição gaúcha que tem nos seus heróis suas raízes mais profundas. Agora temos um rosto de verdade”. Conclui o Hüttner ao constatar que os registros históricos confirmam a originalidade dos traços físicos deste ícone da história do Rio Grande do Sul. O pesquisador Édison conta com a ajuda investigativa do seu irmão, Éder Abreu Hüttner em quase todas as pesquisas.
A daguerreotipia é um processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicèphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). O Folclorista, historiador e geógrafo uruguaio, Professor Miguel Angel Franco Hernandez, confirmou a Hüttner detalhes sobre a introdução desta técnica de fotografia no Uruguai, inclusive com dados sobre a popularização, em 1843, do retratismo naquele país e também nas fronteiras com o Rio Grande do Sul. Este trabalho tinha o protagonismo dos retratistas viajantes.
Segundo Franco Hernandes, em 1860, com a invenção da fotografia propriamente dita (em Papel), os retratos e fotos, em geral feitas pelos Daguerreótipos, foram passados a papel. Segundo os registros da história da fotografia no Uruguai, esse processo foi rotineiro no trabalho da empresa “Alberto Bixio & Cia”, que assina a fotografia do General Bento Gonçalves da Silva.
Nesta carta em que Franco Hernandes descreve a história da fotografia no Uruguai, conta que a técnica do Daguerreótipo chegou em Montevideo em 1840, por meio do Abade Louis Compte que foi instruído por Daguerre no uso e técnicas desta tecnologia. Compte fixou residência em Montevideo e deu aulas de Frances, Geologia e também sobre o uso e técnicas relacionadas ao Daguerreótipo.
Texto e edição | Marcos Demeneghi
Miguel Ángel Franco Hernández.
Agreguemos que a partir de 2860, todos los eventos importantes fueron fotografiados, entre ellos la guerra del Paraguay.