No dia 12 de agosto de 1706, há 317 anos, os povos originários deste território, convertidos ao cristianismo pelos padres jesuítas da Espanha, fundaram a Redução de Santo Ângelo Custódio. A arquitetura era edificada com pedras e similar a outras 30 reduções existentes no Brasil, Argentina e Uruguai
Santo Ângelo Custódio foi à última redução organizada nesse período temporal, interrompido pelo Tratado de Madrid (1750). Ação política que definiu um reordenamento dos territórios sul-americanos colonizados por Espanha e Portugal. Com esse ato, a cultura dos Sete Povos das Missões foi silenciada e as Ruinas de São Miguel, bem como, as pedras do museu a céu aberto, os alicerceares das casas dos colonizadores, os sítios arqueológicos de São João batista, São Lourenço Mártir, os restos construtivos e esculturas encontradas em São Luiz Gonzaga, São Borja e tantos outros remanescentes, são testemunhas dessa história de silêncio dos povos originários da América do Sul.
O encontro da cultura Jesuítica com a dos povos Guaranis, lastreado pelos ideais cristãos, resultou em um período histórico de abundância em diversos setores, tanto na produção de alimentos, quanto de obras culturais relacionadas à arquitetura, técnicas de produção agrícola, fundição de ferro e metais preciosos, elaboração de instrumentos musicais, esculturas, peças ornamentais e sistemas de trocas comerciais compreendidas em sistema de rede. O modelo econômico, político e cultural, talvez tenha sido o mais singular e próspero vivenciado pela civilização destes territórios.
Cada redução desenvolveu características diferentes em que o excedente da produção, poderia abastecer os demais povoados e ainda estabelecer comércio de exportação com a Europa. Santo Ângelo Custódio, entre outras vocações, era produtora de algodão e erva mate. Essas informações estão documentadas e relatadas por historiadores locais que se debruçaram em documentos produzidos pelos padres espanhóis em seus relatórios de prestação de contas.
Muito mais poderia ser dito, esse é um sussuro em forma de texto, ele lembra que a ideia bélica dos exércitos e dos acordos políticos, aqueles que não ouvem e não levam em conta os interesses comuns das populações, decretam anos de atraso comercial e cultural.
A Semana Cultural de Santo Ângelo tem essa missão de organizar anualmente uma programação para reafirmar a história das populações locais que são impactadas pelos acontecimentos passados, valorizando os povos originários deste lugar.
Confira a agenda da semana. O próximo eventoserá na terça-feira, dia 15, às 14h, na Sala de Cinema Vivaldino Prado no Centro Municipal de Cultura, a exibição do documentário “Cantata Sete Povos”. Entre outros eventos que podem ser conferidos no quadro abaixo.
Por – Marcos Demeneghi | Jornalista e editor