Se os municípios não assumirem despesas, hospital cancelará três serviços

Pelo menos quatro fatores estão ocasionando um desiquilíbrio financeiro nas contas do Hospital Santo Ângelo e gerando déficit médio de R$ 600 mil ao mês: 1 - Cresceu...

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Hospital Santo Ângelo - Foto de identificação da InternaçãoO Hospital Santo Ângelo está operando com prejuízo e caso os Municípios, Estado ou União não tenham interesse na continuidade dos serviços ambulatoriais nas especialidades de traumatologia (850 consultas), oftalmologia (500 consultas) e otorrinolaringologia (300 consultas) a direção do Hospital irá interromper o atendimento a partir do dia 15 de agosto, não serão cancelados este tipo de prestação de serviço pelo SUS, somente se houver uma suplementação na casa de R$ 300 mil todos os meses.
“Estamos pedindo socorro!” o administrador do Hospital Santo Ângelo, Marcelo de Oliveira Borges, esclarece que não há interesse em continuar realizando serviços que causam prejuízos para o Hospital, “caso os prefeitos também não queiram manter esta demanda, os atendimentos serão cancelados”. Afirmou o diretor administrativo.
Segundo o levantamento da administração é necessário um aporte mensal de R$ 300 mil a mais do valor já repassado pelos municípios para a manutenção dos serviços disponibilizados à comunidade regional.
O Administrador disse que já participaram de varias audiências, tanto na em Porto Alegre, quanto em Brasília. Na última terça-feira, dia 16, a reunião foi com a Comissão de Saúde da Associação dos Municípios das Missões, que se reunirá novamente no dia 26 de julho, na sede da entidade, em Cerro Largo, para definir a situação do repasse estimado em R$ 300 mil para o HSA e a forma de rateio deste valor complementar para cada município.
“No estado fomos muito mal recebidos, em Brasília tivemos a promessa de receber dinheiro de emendas parlamentares, mas este tipo de verba é esporádica, ajuda, mas não resolve o problema. Os valores sinalizados não são suficientes para quitar a folha de pagamento de um mês do hospital” comentou o Administrador.

Contexto de queda na
receita do Hospital
O provedor do Hospital, Odorico Bessa Almeida, explica que 82% dos atendimentos do Hospital são para pacientes do SUS, ou seja, o hospital perdeu receita desde que a população conveniada no IPE e Unimed migraram, em parte, para o Hospital da Unimed.
A situação se agravou mais ainda, quando o ex-governador do PMDB, José Ivo Sartori, cortou os incentivos pagos aos hospitais filantrópicos, no HSA o impacto na receita implicou em R$ 450 mil mensais, o que equivale ao montante de 5,4 milhões ao ano. Esse valor era considerado como “incentivo”, porque, o governo manteve os investimentos obrigatórios de 12% na área da saúde.
Por outro lado, nos últimos anos o hospital assumiu mais responsabilidades, ampliando a base territorial e a população atendida, se tornou um Hospital de referência regional, atendendo quase 300 mil habitantes. O administrador do Hospital calcula que a média mensal de prejuízo, esteja na casa de R$ 600 mil.

Tabelas do SUS
Outro problema mencionado pela provedoria do Hospital é a defasagem dos valores pagos pelo SUS em procedimentos diariamente realizados no Hospital, “O SUS remunera muito mal os serviços realizados no hospital” Marcelo explica que para um Raio X, por exemplo, está tabelado em R$ 5, uma cesariana que envolve internação, médico cirurgião, anestesista, auxiliar e todos os custos de enfermeiros e técnicos é pago R$ 600, valores considerados insuficientes para manter a qualidade do serviços.
Não temos mais o que fazer, disse o administrador do Hospital, já diminuímos as despesas com funcionários, tiramos 50 médicos da folha de pagamento do Hospital e transformados em pessoas jurídicas. Trocamos fornecedores, fizemos negociações mais adequadas para reduzir gastos na compra de insumos. Agora precisamos de recursos de suplementação dos governos. Administrativamente não há mais o que fazer.
Quanto às ampliações que estão sendo realizadas, o provedor explica que existia, no governo do Tarso Genro, a disponibilidade de uma verba para ampliação dos serviços e foi projetado a qualificação do hospital e ampliação dos leitos destinados ao SUS. Nos anos de 2019, 20 e 21 também foi recebida uma emenda parlamentar no valor de R$ 5 milhões para reformas e elas serão feitas, a verba será utilizada, o administrador explica que este tipo de verba tem um destino pré-definido, que são investimentos em patrimônio e não em custeio.

 

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