Quarenta e um anos do Espetáculo Som e Luz

Patrimônio da Humanidade é palco de espetáculo com os Guaranis jovens de São Miguel e acadêmico da Universidade Federal de Santa Maria

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Uma intervenção cênica protagonizada por Guaranis, jovens miguelinos e acadêmicos do Curso de Dança-Licenciatura da UFSM – Universidade Federal de Santa Maria compõe o espetáculo Som e Luz em Corpos. A estreia será nos próximos dias 11 e 12 de outubro, 20 horas, quando o Som e Luz comemora 41 anos de exibição diária no Sítio Histórico de São Miguel Arcanjo.
Além destas datas, haverá apresentações do Som e Luz em Corpos nos dias 27, 28 e 29 de dezembro, às 20h30min. Espetáculos que tem origem no projeto de extensão “De terra seus corpos” que conta com a parceira do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a Prefeitura de São Miguel das Missões.
O projeto é coordenado pelo santo-angelense professor Odailso Berté, do Curso de Dança-Licenciatura da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que vem desenvolvendo ações socioculturais e de arte-educação patrimonial com jovens de São Miguel das Missões e da Aldeia Guarani Tekoá Ko’Enjú.
Entre os objetivos desta ação está o de compor com estes jovens, junto aos acadêmicos da UFSM, o espetáculo Som e Luz em Corpos, que consiste na coreografia e encenação do tradicional espetáculo de Som e Luz do Sítio Histórico de São Miguel Arcanjo, Patrimônio Cultural da Humanidade.
Um dos principais objetivos do projeto “De terra seus corpos” é não mais falar “sobre” os Guarani, mas criar “com” eles e com a comunidade local outras narrativas sobre a história missioneira, possibilitando que estes atores sociais protagonizem, critiquem e reconstruam sua história através da arte. A pedido dos próprios Guarani, oficinas de dança contemporânea estão sendo realizadas na Aldeia Tekoá Ko’Enjú desde março deste ano. Nessas oficinas, desenvolvidas junto com professores Guarani, não são transmitidas coreografias prontas, mas, são propostos exercícios, imagens, perguntas e temas geradores aos quais eles reagem e respondem com gestos, movimentos corporais e mesmo recordações de suas danças autóctones. Com esses movimentos dá-se a montagem das coreografias que são assim criadas de maneira compartilhada, sendo os jovens guarani e miguelinos partícipes e coautores desse processo criativo coletivo que resulta em uma intervenção cênica dentro do som e luz, além de formas de reconstrução do pertencimento, identificação, memória e identidade cultural através da mediação e presença viva dos corpos.
Ao compreender o texto do espetáculo de Som e Luz em sua própria língua, durante os processos criativos, os Guarani têm questionado essa narrativa sobre os acontecimentos históricos, e isso tem gerado diferentes reflexões que repercutirão em futuras transformações nesta obra que é exibida há mais de quatro décadas. As cenas e coreografias criadas com o elenco guarani e miguelino nem sempre criam acordos com a narrativa textual e musical da obra, mas estabelecem algumas tensões e questionamentos através da presença corporal dos atores-bailarinos. Trata-se de uma intervenção cênica em um sítio arqueológico que põe em relação a dança contemporânea e o patrimônio cultural, o patrimônio imaterial e o material, os corpos do presente e as ruínas das construções do passado, visando outras formas de experiência estética, ressignificação e questionamentos em relação à narrativa histórica contada.
Este trabalho de arte-educação patrimonial e sociocultural é realizado através de um Convênio celebrado entre a UFSM, a FATEC e a Prefeitura Municipal de São Miguel das Missões, através da Secretaria de Turismo, contando com o importante apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), do Museu das Missões/Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), do Centro de Educação Física e Desportos, do Curso de Dança-Licenciatura, da Pró-Reitoria de Extensão e da Coordenadoria de Cultura e Eventos da UFSM, e da Secretaria Municipal de Educação de São Miguel.

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Foto: Maysa Frizzo
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