Na série “Praças da Cidade”, continuamos o resgate da história da Praça Pinheiro Machado, elaboramos uma linha do tempo para recordar o processo de transformação deste espaço público ao longo dos anos. Além disso, um breve resumo sobre a história dos jacarés e de uma curiosa inscrição conservada em um dos passeios internos da praça.
JÁ NASCERAM OS NETOS DO CASAL DE JACARÉS DA PRAÇA PINHEIRO MACHADO
![Jacaré da Praça Pinheiro Machado/Foto:Paulo Leal](https://jom.com.br/wp-content/uploads/2019/03/Jacaré-da-Praça-Pinheiro-Machado-02-Copy.jpg)
Durante mais de 40 anos um casal de jacarés morou na Praça Pinheiro Machado e a convivência da comunidade com estes animais, fez história. O casal foi removido do lago da Praça no dia 29 de julho de 2006 e encaminhado para o Mantenedouro de Fauna São Bráz, em Santa Maria. A fêmea tinha 1m57com e o macho 1m18com. No ano de 2006, quando a remoção foi realizada, o lago continha 49 tartarugas e vários peixes.
Segundo Santos Bráz, diretor do Mantenedouro São Bráz de Santa Maria, o casal de jacarés-de-papo-amarelo teve filhos e há cerca de dois anos, netos. No entanto, devido a idade avançada que possuíam, o velho casal de jacarés já morreu, mas deixou seus descendentes que atualmente estão no Mantenedouro em Santa Maria.
Existem relatos de que o primeiro jacaré foi pescado no rio Itacurubi e deixado no lago da praça. O segundo jacaré, conforme relatos de um já falecido servidor público, Tancredo de Amaral, foi trazido ainda filhote por uma criança que pediu cinquenta cruzeiros pelo animal, que teria sido adquirido e posto no lago, formando o casal que fez história na cidade.
A ação de retirada foi feita, segundo informações publicadas na imprensa da época, para que a reforma dos lagos pudesse ser realizada, afirmando ainda que os animais voltariam para a praça, exceto as tartarugas. Porém, os jacarés nunca mais voltaram.
QUE DATA É ESTA?
Um dos caminhos internos da Praça Pinheiro Machado conserva o registro de uma obra que ocorreu no ano de 1932. O número que pode ser observado na foto é um fragmento da frase que pode ser lida por completa pelo visitante ao caminhar pela calçada do lado leste da praça, onde se lê: “Executado pelo Dr. J. C. Medaglia na Administração de Dr. Ulysses Rodrigues / 1932”.
Esta inscrição em pedras irregulares fazem referência a uma das obras que interferiram no traçado interno da praça. Nas reformas seguintes este trecho foi mantido, dada a referência histórica que proporciona aos visitantes.
LINHA DO TEMPO
Século XVIII – Praça da Redução Jesuítica de Santo Ângelo Custódio
1897- Um decreto político confere o nome de Praça Pinheiro Machado aquele espaço público. (Decreto 6 de 11 agosto de 1897. Artigo 3º)
1915 – Pedras Grês demarcam a área da praça e também é feito o plantio de árvores de modo mais planejado. (Nesta época o espaço servia de acampamento para carreteiros)
1917 – O calçamento das sarjetas foi concluído no ano de 1917, determinada pelo intendente da época, Álvaro Silveira.
1925 – Foram realizadas as primeiras obras de ajardinamento, porém de modo incompleto.
1932 – Reformulação executada pelo engenheiro José Carlos Medaglia – Gestão do Prefeito Ulysses Rodrigues. Foi neste ano que a praça ganhou calçamento de concreto nas faces norte e um novo traçado que serviu de base para as futuras reformas.
1934 – A praça ganha lajes de concreto nos passeios públicos das faces, sul e oeste, bem como a substituição de árvores e término do ajardinamento e iluminação.
1948 – Completado o calçamento nas faces sul e leste.
1963 – Criação da fonte e do lago, novo projeto de ajardinamento e a implantação do largo cívico. (Administração de Odão Felippe Pippi)
1968 – O lago já era habitado por jacarés.
1996 – Reforma dos lagos, retirada do muro, colocação de grades no entorno do lago para evitar a fuga dos jacarés e criação do conceito de museu a céu aberto, no qual as pedras que pertenceram à antiga redução foram expostas na praça.
2006 – O casal de Jacarés foi removido para o Mantenedouro de Fauna São Bráz em Santa Maria para que o lago fosse reformado. (29/07/2006)
2006/2007 – Criação do Museu a Céu Aberto da Redução Jesuítico-Guarani de Santo Ângelo Custódio, alusivo às comemorações dos 300 anos da redução (Janelas arqueológicas).
2006 e 2008 – Tadeu Martins executa o projeto de revitalização da Praça Pinheiro Machado com representações que promovem o resgate histórico das Missões Jesuíticas.
2010 – Conclusão da obra e inauguração da praça tematizada, com novo piso que lembra o padrão de calçamentos encontrados nos povoados missioneiros, erguidos os arcos dos trinta Povos Missioneiros, entre os arcos e a ponte do lago foi desenhado no piso em granito uma representação da Rosa dos Ventos. Depois do tradicional lago, com os dois chafarizes, a esquerda, foi construída uma estrutura que sustenta um sino em bronze com inscrições na língua guarani, nesta mesma direção existe a representação de uma fonte (com simbologia de purificação), na qual a água jorrava de uma pedra grês, (que não está ativa atualmente).
![Praça em 1950 depois de consolidada a primeira grande reforma iniciada em 1932. Na década de 50 o calçamento de todas as faces (norte, sul, leste e oeste) já estava concluído/Arquivo Municipal](https://jom.com.br/wp-content/uploads/2019/03/Praça-Pinheiro-Machado-Centro-Histórico-Vista-aérea-1950-Copy.jpg)
![Jacaré-de-papo-amarelo que viveu por quatro décadas na Praça Pinheiro Machado. No ano de 2006, foi levado para o Mantenedouro de Fauna São Bráz em Santa Maria /Foto Paulo Leal](https://jom.com.br/wp-content/uploads/2019/03/Jacaré-da-Praça-Pinheiro-Machado-03-Copy.jpg)
![Praça fotografada do alto de uma escada magiro, registro feito pelo santo-angelense Paulo Leal](https://jom.com.br/wp-content/uploads/2019/03/Praça-Pinheiro-Machado-Foto-de-Paulo-Leal-2-Copy.jpg)
![Sino de Bonze com inscrição na Língua Guarani](https://jom.com.br/wp-content/uploads/2019/03/Praça-Pinheiro-Machado-16-Copy.jpg)
![Vista atual da Praça registrada pelas lentes de Guilherme Rocha](https://jom.com.br/wp-content/uploads/2019/03/Praça-Pinheiro-Machado-28-Copy.jpg)
André Martins Paes de Oliveira
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