Quarta-feira 30/03/2011

A zona e a rua do amor
A zona do meretrício de Santo Ângelo localizava-se na Rua Marechal Deodoro, mais conhecida como “Rua do Amor”. Eram três quadras de “casas de mulheres”, começando na metade da quadra entre a Avenida Getulio Vargas e a XV de Novembro, e as quadras entre a Rua Antunes Ribas e a Rua Marques do Herval, quase atingindo a esquina da Rua Marechal Floriano.
Eram muitas as casas, nos dois lados da rua, intermediadas por duas outras casas de família. Nessas casas moravam ou paravam muitas mulheres, que faziam intercâmbios com as de Ijui, Cruz Alta, São Luiz Gonzaga, Passo Fundo e fronteira.
Essas casas eram freqüentadas por homens, moços e rapazes da cidade. Havia dois cabarés finos e tradicionais. O cabaré da dona Bela, de um lado da rua e do outro o da dona Emilia. O cabaré ou pensão da dona Emilia era o mais fino e requintado, famoso em toda a região. Tinha pista de dança rodeada de mesas, música ao vivo quase todas as noites. Haviam músicos profissionais como violeiros e gaiteiros de projeção, dentre outros músicos.Era freqüentado por homens em geral e jovens maiores de 21 anos. Os de menos idade tinham de se contentar de ouvir os “causos” dos mais velhos, e os mais curiosos “espiavam” pelo lado de fora das janelas.
Alguns homens de destaque, boa situação financeira, casados, freqüentavam as “zonas” por status. Visitavam o lugar para tomar uma cerveja e conversar com os amigos. Nos dias em que o Grêmio jogava, dona Bela se arrumava de forma deslumbrante, e junto com suas “meninas” que não deixavam a desejar nos trajes e pinturas, assistiam as partidas, ocupando o primeiro camarote do pavilhão que era seu lugar cativo.
O cabaré da dona Emilia, do outro lado da rua, segui o mesmo padrão, porém era um pouco mais modesto. Depois dos grandes bailes do Clube Gaúcho, os rapazes faziam questão de descer para a “zona”. Para desenvolver a parte sul da cidade, a zona foi mudada para a Rua Três de Maio, na saída para Cerro Largo/RS. Gradativamente as famílias foram ocupando os esforços, não restando hoje nenhum vestígio das antigas zonas. O que resta são algumas casas esparsas, ocupadas por famílias.