Quarta-feira 19/10/2011

Os balseiros do rio Uruguai e o russo da pracinhaDesde que eu era guri, ouvia falar muito dos “balseiros do rio Uruguai”. Faziam uma jangada de madeira, da...

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Os balseiros do rio Uruguai e o russo da pracinha
Desde que eu era guri, ouvia falar muito dos “balseiros do rio Uruguai”. Faziam uma jangada de madeira, da madeira que era derrubada nos matos do alto Uruguai, indiscriminadamente na zona ribeirinha e era vendida para a zona fronteiriça de Uruguaiana para a Argentina, a qual comprava do Brasil e conservava as suas madeiras, pagando muito bom preço.
Eles esperavam o rio encher bem, acima de 8 a 10 metros fora da caixa, para as balsas poderem descer o salto grande do rio Uruguai (uma cachoeira) sem se romperem ou enrascarem. Como dizia o Cenair Maicá em sua canção (Balseiros do rio Uruguai) que fala deste rio “Quando chega o salto grande, despeço-me desse mundo, digo adeus a são Miguel e jogo a balsa no fundo”, e desciam o rio Uruguai monitorados por uma lancha. Em cima da balsa, faziam fogo, cozinhavam e armavam barracas. Quando estourava uma balsa, era um salve-se quem puder! Assisti em Porto Mauá a homens descendo o rio agarrados numa madeira, gritando por socorro, na esperança de que a madeira encostasse num barranco.
Chegavam a Uruguaiana, após fazerem todo o grande percurso por água, vendiam a madeira, e voltavam com muito dinheiro, de ônibus, com bancos grandes e entradas pelas laterais, metade bancos e outra metade para carga.Passando por Santo Ângelo paravam na Praça Rio Branco para descansar e fazer compras no comércio.
Ali havia um “russo retratista” e bigodudo, de nacionalidade romena, ou Moldávia. Seu nome era Constantino Stamow, chegara aqui há muitos anos, e que, além de fotografar com sua máquina, com um pano preto na cabeça e uma cabrita atada ao pé da máquina, dava o sinal para as seis ou oito lojas de judeus e turcos da quadra da Marechal Floriano em frente à praça. Assobiava forte com os dois dedos na boca e gritava “Palseiros”. Os judeus e turcos corriam, querendo chegar um primeiro que o outro e levar os balseiros para comprar em suas lojas. Era uma disputa terrível!
Os balseiros, após fazerem compras no comércio, almoçavam na Churrascaria Brasil, enfrente á Casa Ramos, subiam no ônibus-caminhão e seguiam para Três Passos, onde iam gastar o resto do dinheiro com a família…

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