Quarta-feira 12/10/2011

O senhor Alfredo Arno AndresUm pioneiro da plantação de trigo e soja extensiva. Um genial empresário bem sucedido com vocação política. Filho de Pedro Albino Andres, nasceu em...

1141 0

O senhor Alfredo Arno Andres
Um pioneiro da plantação de trigo e soja extensiva. Um genial empresário bem sucedido com vocação política. Filho de Pedro Albino Andres, nasceu em Lageado em 1918. Em 1930, veio para Caibaté (antigamente Santa Lúcia). Sempre se estabeleceu em Casa de Comércio nessa vila. Teve o primeiro caminhão da Vila, e Arno foi, também,  seu primeiro caminhoneiro em 1937.  Arno, como o chamavam, elegeu-se por dois mandatos vereador pelo PSD, em São Luiz Gonzaga, representando o seu distrito. Talvez daí a grande vocação política de seu filho Luiz Valdir, político conceituado e de destaque, do qual falaremos mais adiante. Segundo informações de Valdir Andres, Getúlio Vargas, em 1950, então candidato à Presidência da República, não obteve, em Caibaté, votos nem dos membros do Diretório do PTB, pois, os alemães e seus descendentes não esqueceram a perseguição e humilhação sofridas na época da guerra promovidas pelo seu governo. Os pais, por precaução, recomendavam aos filhos não falarem em alemão, e nem demonstrarem  sotaque, para não sofrerem represálias da polícia.
Mudou-se  para Canoas, onde tive a linha de ônibus Porto Alegre Canoas por três anos. Foi residir em Santa Rosa como concessionário da Rodoviária. Perdeu a concessão, quando o Coronel Ernesto Dorneles se elegeu governador do Estado, por ele ser pertencente ao Partido contrário do PTB. Em 1954, veio com a família de mudança para Santo Ângelo, partindo, então, para a plantação de trigo, sendo um dos pioneiros nessa cultura, quando de seu início.  Arrendou terras de Chico Taborda e de seu filho Joca durante três anos no Vira Carreta. Foi um dos fundadores da Cotrisa. Posteriormente associou-se à firma Braatz e Cia Ltda e arrendou a Fazenda “As Brancas”, onde foi plantar trigo em Chiapetta. Ali passamos a lhe fornecer adubos, quando éramos Diretor da Indústria de Adubos e Óleos Missioneira Ltda. Durante três a quatro anos houve uma grande crise para o plantio de trigo, pela falta de sementes resistentes e adequadas para nossas terras e nosso clima, entre outros motivos. Fomos, então, testemunhas da maneira galharda, retilínea  e correta com que ele enfrentou esse período de crise, sempre procurando atender seus compromissos da maneira que podia sem dar prejuízos a ninguém Demonstrou grande tenacidade  na condução da lavoura.  Andando sempre com seu  jeepe “Willys do quartel”, que era seu  meio de locomoção, até para passeio com a família, mantendo sempre seu bom humor e um sorriso amplo. Seus filhos são cinco: Luiz Valdir, Renato Roque, Marli, Maísa e Terezinha. Seu filho Valdir, nessa época trabalhou  por três anos  na firma Braatz S.A. , onde aprendeu  totalmente a prática de balcão de uma ferragem , inclusive a cortar vidros.
A sorte, então, passou a sorrir-lhe, quando tudo parecia mal. Seguiu para São Borja para plantar arroz, mudando de cultura. Descobriu, num fundo de campo, às margens do arroio Botuy, junto a barra deste  com o Rio Uruguai, de propriedade do Sr. Mineca, uma área que, se tomassem  as providências necessárias, poderia ser irrigada. Esse arroio secava no verão, por isso, ali ninguém quis arriscar plantar. No entanto, Arno descobriu que a água do Rio Uruguai entrava  uns 500 metros barra a dentro. Então, Como homem de visão  e grande inteligência, verificou que, se construíssem uma “taipa” de dois metros de altura  e bombeassem  a àgua do Rio Uruguai, primeiro para esses 500 metros e, depois, com outra bomba levantassem-na para o outro lado da taipa, poderiam inundar  uns dez quilômetros rio acima. Visualizou muito bem tudo. Dessa forma, com a participação de uns dez granjeiros, que acreditaram nele e em suas ideias, levaram o plano à frente. Contrataram um engenheiro  para planejar e executar a barragem e construíram-na. Compraram os equipamentos necessários, tais como bombas, geradores, instalação elétrica, etc. Edificaram casas para os operários. As despesas de construção e de óleo diesel consumidas  eram rateadas por todos, pois eram muito altas.
Esses lavoureiros passaram a produzir 500 a 600 mil sacos de arroz por ano. Descobriram um verdadeiro Eldorado. A produção do Sr. Arno passou a ser de 120.000 sacos ano de arroz. Plantava uns 1000 hectares em três lavouras. Sendo uma em Garruchos, outra em  Icamaquã, além da área acima referida.Dava muito peixe em seus açudes. O pessoal do Banco do Brasil de Santo Ângelo, tendo Rudy Cotther à frente, lá iam seguidamente pescar. Seu filho, Luiz Valdir, nas férias, além de pescar, passava o tempo todo  atendendo   a cantina da granja. Constituíram uma Cooperativa  fechada, somente com esses dez sócios, da quão foi seu primeiro presidente. Comprou um avião de quatro lugares, pilotado por ele mesmo,  para atender aos seus negócios, que eram muitos, e vir visitar a família aos fins de semana. Alfredo Arno faleceu em 29 de outubro de 1986, após 68 anos bem vividos. Foi sepultado em  São Borja. Esta é a história de um empresário agrícola, então moderno e de visão, muito bem sucedido dessa nossa terra missioneira.

Neste artigo

Participe da conversa