Educação pela arte missioneira

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Alunos da Escola Marcelino Champagnat do bairro São João em Santo Ângelo estão sendo iniciados na arte da pintura, técnicas de modelagem em argila e escultura em pedra grês, o fio condutor das atividades é a cultura missioneira, o projeto recebe incentivo financeiro do programa Mais Cultura nas Escolas desenvolvido pelo Ministério da Cultura e foi elaborado pelo produtor cultural, Eliseu Denilson Mousquer e a Professora Marlete Rosane Kostulski Salapata, atual diretora da Escola Marcelino Champagnat, onde as oficinas e demais atividades são colocadas em prática.

 

No início deste mês, cerca de 35 alunos iniciaram as oficinas que são desenvolvidas a partir da permanência na escola em tempo integral. Além disso, recebem alimentação e participam de palestras, visitações em pontos de referência para a cultura missioneira, tanto em Santo Ângelo, quanto, em outras cidades que fazem parte da história dos “Sete Povos”. O intercâmbio com a cultura indígena também será proporcionada pelo projeto, pois os índios de aldeias guaranis devem realizar visitas na escola para propor esta troca cultural.

Segundo Eliseu Mousquer, o projeto também se estende aos pais dos alunos e envolve toda a comunidade. Na próxima quinta-feira, dia 28, está agendada uma palestra com a coordenadora do curso de história da URI – Universidade Regional Integrada de Santo Ângelo, a professora Nadir Lurdes Damiani.

Mas acima de tudo, estão as oficinas com foco em técnicas artísticas que fazem parte da história missioneira, como a escultura em pedra grés, muito conhecida em Santo Ângelo, pois as imagens dos Santos que representam os padroeiros dos sete Povos das Missões foram realizadas com esta técnica.

 

Valentin Von Adamovich referência histórica em escultura nas Missões

Valentin Von Adamovich Referência histórica em escultura em pedra grês nas Missões é o autor das obras que ornamentam a igreja símbolo de Santo Ângelo. Valentin Von Adamovich viveu parte de sua vida em Santo Ângelo, foi um imigrante austríaco formado em engenharia civil e belas artes. Veio para o Brasil atrás da obra de Pe. Antônio Sepp, que era seu conterrâneo, no entanto, só encontrou os restos da cultura missioneira iniciada por este gênio das Missões. Conforme informações pertencentes ao Museu Municipal Dr. Olavo Machado, Adamovich era filho de um governador de Tirol, quando veio para o Brasil se instalou em Cerro Largo e lá conheceu Dona Clarinda Lunkes, com quem viveu até o fim de sua vida.

O artista e engenheiro foi preso e torturado no final da segunda guerra, quando uma cultura de perseguição aos alemães se instalou em todo o Brasil e inclusive nas missões, os imigrantes desta origem eram acusados de nazistas e foram perseguidos.

Valentin Von Adamovich, por onde passou deixou a sua arte: Um altar em ouro folheado na igreja de Cerro Largo, obras em Mato Queimado, Rincão Vermelho, São Luiz Gonzaga, São João Batista (segundo os documentos históricos o monumento ao Padre Antonio Sepp, na entrada de São João Batista foi a realização de um sonho) e em Santo Ângelo, quando em 1952 veio contratado pelo Padre Paulo Stacovich, para dar acabamento ao pórtico da atual Catedral Angelopolitana. Ele esboçou as sete imagens que representam os padroeiros dos Sete Povos e ornamentam o alto da alto da igreja.

Faleceu em 29 de abril de 1961, seu túmulo está localizado no cemitério Sagrada Família sem nenhuma ornamentação ou honraria. Embora a igreja e os atuais ocupantes de postos políticos sentenciem um silêncio cultural em relação a estas páginas da história, a obra continuará exposta no alto do maior símbolo dos santo-angelenses a Catedral Angelopolitana. Sendo assim, de tempos em tempos a pergunta voltará: Quem entalhou as imagens da Catedral?

 

Mais cultura no Augusto Nascimento e Silva

Ritmo, samba e características da arte carnavalesca também

são temas de um segundo projeto contemplado em Santo Ângelo. Alunos da Escola Augusto do Nascimento e Silva participam do programa “Mais Cultura nas Escolas”.

Além da Escola Marcelino Champagnat a E.E. de Ensino Médio Dr. Augusto do Nascimento e Silva, foi aprovada no mesmo programa. Este segundo projeto se guiou em uma parceria que já existia entre integrantes da comunidade que usavam instrumentos da banda marcial para atividades carnavalescas, sendo alguns participantes, também alunos da instituição. Neste sentido a direção desenvolveu o projeto para potencializar a relação da comunidade com a escola, a fim de proporcionar um aprofundamento cultural em torno do samba e do carnaval.

A diretora da escola, Jordana Fetter e a professora Mônica Franciele Lucca Bortolato, estão na liderança do projeto, nesta fase, as professoras mantém contatos para fechar a agenda de oficinas e palestras, onde serão trabalhados temas como percussão, comunicação e expressão linguística e corporal, confecção de fantasias. Além disso, na fase final do projeto o trabalho será exposto para a comunidade. Momento em que um CD com o samba enredo composto pelo grupo, fantasias, adereços, um vídeo documentário relatando as fases do projeto, são apresentados para a comunidade.

Projeto Mais Cultura nas Escolas

Os cinco mil Planos de Atividades Culturais selecionados para participarem do Programa Mais Cultura nas Escolas começarão a ser desenvolvidos a partir de julho/agosto de 2014. Os projetos aprovados já começaram a receber os recursos no mês de maio. O repasse dos recursos será em duas parcelas (conforme definido pela Resolução FNDE/PDDE nº 05 de 31/03/2014) e os depósitos estão sendo feitos na conta da Unidade Executora da Escola (UEx).

Os recursos, repassados diretamente às escolas, por meio do Programa Dinheiro Direto nas Escolas do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (PDDE/FNDE), deverão ser investidos na contratação de serviços culturais relacionados às atividades artísticas e pedagógicas. O valor é calculado conforme o número de alunos matriculados na escola.

As atividades devem começar entre julho/agosto de 2014, lembrando que deverá ser mantida a duração mínima de 6 (seis) meses e, caso seja necessário, as atividades poderão ser estendidas ao próximo ano letivo.

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