Acadêmica avalia a presença do Bullying nas escolas do noroeste do RS

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A prática de bullying pode ser conceituada como forma de agressões intencionais e repetitivas adotadas sem motivação aparente. Este fenômeno é muito amplo, ou seja, ocorre não apenas no ambiente escolar. É um tipo de agressão que pode ser executada repetidamente, havendo sua ocorrência, principalmente, quando há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. Tal forma de violência é recorrente no âmbito da instituição escola e muito tem preocupado educadores e gestores dos sistemas de ensino. Apesar do bullying ser um fenômeno antigo e que ocorre em escala mundial, poucos estudos têm se debruçado de forma séria e consequente sobre tal temática. Pensando nesta problemática, a acadêmica de Psicologia da URI, campus de Santo Ângelo, Samara Nikodem, desenvolveu a pesquisa intitulada “Estudo sobre Incidência e Características do Fenômeno Bullying em Escolas de Ensino Fundamental e Médio da Região Noroeste do RS”. A pesquisa é orientada pela professora Ms Lizete Dieguez Piber . Os dados obtidos (2009 e 2010) em Santo Ângelo e Santo Cristo foram reveladores e ao mesmo tempo preocupantes, disse a pesquisadora. Constatou-se que no município de Santo Ângelo, dos 1.640 alunos participantes da amostra(estudantes de escolas públicas e privadas), 41% sofrem/sofreram de bullying em sua trajetória escolar. A forma de agressão mais comumente utilizada é a verbal e a física, sendo os agressores em sua maioria do sexo masculino (62%). Porém, quanto a este dado, não pode-se excluir os 38% de meninas que praticam o bullying, por esta forma de agressão se dar por meio de fofocas, boatos, atingindo psicologicamente a vítima. Outra informação importante é que as agressões ocorrem em sua maioria na sala de aula. Isto evidencia que o bullying muitas vezes passa despercebido aos olhos do professor. Quanto aos professores deste município, participaram da pesquisa 92, sendo que destes, 59% sofrem/sofreram de bullying em sua trajetória escolar pessoal. As agressões sofridas foram em sua maioria verbais e físicas, além de os agressores serem também, em sua maioria, do sexo masculino (62%). Com relação aos alunos da cidade de Santo Cristo, da totalidade de 92 estudantes de escola estadual, verificou-se que 57% dos alunos participantes sofrem/e ou sofreram de bullying e as agressões são mais frequentes também são verbais e físicas, sendo realizadas em sua maioria por estudantes do sexo masculino (70%). As agressões ocorrem frequentemente no pátio da escola e na sala de aula. Constatou-se que dos professores participantes da pesquisa naquele município, 50% já tiveram este tipo de agressão. Quanto às formas de agressões sofridas, verificou-se que a mais frequente é a verbal. Os agressores são de ambos os sexos, sendo o pátio da escola o local mais comumente escolhido para a prática da violência. Samara explicou que os dados obtidos nos dois municípios participantes da pesquisa evidenciam que o bullying ocorre em todas as escolas, e independente da tradição, localização ou poder aquisitivo dos alunos. O fato da cidade de Santo Cristo ser de pequeno porte não impede que atos violentos, denominados bullying, ocorram. Com relação à forma de agressão, é mais comumente utilizada em ambos os municípios a verbal, ou seja, apelidos maldosos, palavras ofensivas, boatos, fofocas, etc. Estas ocorrem frequentemente na sala de aula, sendo que muitos professores, ao se depararem com tal situação, que ainda é nova, não sabem como reagir. Com relação aos professores, em ambas as cidades, metade destes sofreu de bullying em sua trajetória escolar. As agressões ocorrem/ocorreram diversas vezes, sendo que gera/gerou um mal-estar. O sentimento dos professores com relação aos agressores é de pena e /ou não gostar deles. Os resultados da pesquisa já foram apresentados para diretores das escolas da área de abrangência da 14ª CRE (Santo Ângelo), na Jornada Estadual de Psicologia Escolar (Porto Alegre), na Semana Acadêmica de Psicologia – 2010 (Santo Ângelo), na Feira de Iniciação Científica da FEEVALE (Novo Hamburgo), no VIII Salão de Pesquisa da SETREM (Três de Maio), na Uniritter (Canoas) e recentemente no XVI Seminário de Iniciação Científica da URI (Santiago), onde recebeu o Prêmio Destaque de Iniciação Científica.

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