A múmia de Cerro Largo é notícia novamente na mídia nacional

Grupo de cientistas da PUC/RS separa uma célula intacta da mandíbula de Iret-Neferet e a descoberta inédita no Brasil ainda repercute nos periódicos e revistas especializados em ciência

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Iret-Neferet (olho bonito em egípcio) é uma múmia de uma mulher egípcia que morreu aos 40 anos de idade, entre 768-476 antes de Cristo. Foto: Bruno Todeschini
Iret-Neferet (olho bonito em egípcio) é uma múmia de uma mulher egípcia que morreu aos 40 anos de idade, entre 768-476 antes de Cristo. Foto: Bruno Todeschini

O crânio de uma múmia egípcia com cerca de 2,5 mil anos, que teria morrido aos 40 anos de idade, ficou por décadas guardada no Museu do Centro Cultural 25 de Julho, em Cerro Largo. No ano de 2017, estes restos mortais mumificados por alguma técnica egípcia, começaram a ser estudados e finalmente no ano de 2019, foi possível confirmar a data da múmia (768 a 476 anos antes de Cristo). O grupo de Pesquisa Afro-Egípcioda da PUC/RS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, realizou ainda um trabalho de reconstituição da face e a apelidaram de Iret-Neferet (que significa “olho bonito”). No mês de outubro deste ano, a notícia de que os cientistas conseguiram separar uma célula intacta da mandíbula de Iret-Neferet repercutiu em várias revistas e portais de notícias especializados, pois se trata de descoberta inédita do gênero no Brasil.

Célula intácta de Iret-Neferet
Célula intácta de Iret-Neferet

A pesquisa liderada por Eder Huttner, Bruno Candeias e Edison Huttner foi publicada no periódico “Clinical Oral Implants Research”, sendo apresentada, online, no dia 10 deste mês no Congresso da Associação Europeia de Osteointegração (EAO). Nesta publicação os pesquisadores indicam que “o exame do radiocarbono 14 para datação revelou que Iret Neferet viveu 2.470 anos atrás. A análise histopatológica da porção óssea mostrou a presença de trabeculado ósseo intacto e incrivelmente glóbulos vermelhos dentro dos vasos sanguíneos. No masseter, a presença de fibras colágenas foi predominante”.

 

Na conclusão da pesquisa os dentes possuem carbono 14 em sua estrutura e seus isótopos preservados para datação. A reconstrução 3D permitiu uma previsão da possível face de Iret Neferet, que é, a primeira múmia do Brasil a ter idade confirmada cientificamente por exame de radiocarbono.

A reconstrução facial da múmia Iret-Neferet foi um projeto capitaneado pelo pesquisador, pós-doutor em História e caçador de relíquias Dr.Édison Hüttner e apoiado pelo arqueólogo Dr. Moacir Elias Santos e pelo 3D designer Cícero Moraes.
A reconstrução facial da múmia Iret-Neferet foi um projeto capitaneado pelo pesquisador, pós-doutor em História e caçador de relíquias Dr.Édison Hüttner e apoiado pelo arqueólogo Dr. Moacir Elias Santos e pelo 3D designer Cícero Moraes.

O carbono-14 (C-14) é um isótopo radioativo de ocorrência natural que está presente no material orgânico. Após a morte de um organismo, a quantidade de C-14 diminui a uma taxa constante. Na datação por radiocarbono, a quantidade de C-14 e sua proporção com seus isótopos podem determinar com precisão a idade.

Segundo os pesquisadores, a múmia encontrada possui grande parte das características das múmias do Egito, e o crânio teria chegado ao Brasil por meio de um egípcio, e a sua cabeça foi deixada como herança para um brasileiro, que doou o crânio para o museu de Cerro Largo. De acordo com a pesquisa, a cabeça é de uma mulher de 42 ou 43 anos, que viveu entre o final do Período Intermediário III (1070-712) e o início do Período Tardio (Saíta-Persa: 712-332 a.C.) do Egito.

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