Sábado 22/10/2011

Rádio pra acalmar vacas Embora nascido em Cerro Largo, Kurt Kiechle viveu a maior parte de sua vida na Capital das Missões. Na década de 40, os pais...

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Rádio pra acalmar vacas
Embora nascido em Cerro Largo, Kurt Kiechle viveu a maior parte de sua vida na Capital das Missões. Na década de 40, os pais dele tinham tambo de leite na então Vila Dytz. O Kurt e o Hugo, irmão dele, saiam cedo de casa para entregar leite para a freguesia. Lembro que o Hugo é quem entregava dois litros de leite todas as manhãs na residência do meu pai. Do litoral catarinense, onde hoje reside, Kurt me faz revelação inédita a respeito de como os Kiechle acalmavam as vacas leiteiras, com excelente resultado:
– Quando a ZYF-6, a emissora para bem servir e melhor informar, começou suas transmissões, na década de 40, nós tínhamos tambo de leite. De madrugada, ao tirar leite, a gente ligava a Rádio Santo Ângelo para, acredite – acalmar as vacas. Antes, nós sintonizávamos a Rádio Belgrano, de Buenos Aires.
A propósito, cabe lembrar que a Belgrano era muito ouvida em nossa cidade, com ótimo som. Todas as noites, a partir das vinte horas, era apresentado o programa Glostora Tango Club, em que a típica de Francisco Canaro executava a inolvidável música portenha. O amigo Jarbas Pereira, bancário aposentado, costumava comentar comigo os tangos tocados por Canaro e também por outros regentes, como Juan Darienzo e Anibal Troilo. E Glostora era um fixador de cabelo, muito usado por brasileiros e argentinos. Saiu do mercado há muito tempo.
O amigo Kurt casou com a Hilga em 1956. Então a Hilga trabalhava na Agência Ford, de Arnaldo Hepp e Walter Streppel. Além dos carros Ford, a agência começou a vender geladeiras. A primeira geladeira Springer que chegou na Vila Dytz foi adquirida pelo casal Kiechle. Nos domingos, especialmente, a vizinhança fazia barro na frente da casa do nosso amigo, em busca de gelo para melhorar a temperatura da cervejinha… Antes das geladeiras elétricas, os santo-angelenses compravam gelo do lutador de Box Domingos Fortes, o Domingão. Alto, corpulento, o sorridente Domingão levava barras de gelo em ambas as mãos, sob a admiração da criançada. A entrega era feita em carroça equipada para o serviço.
Pois é, gente, os leiteiros que aproveitem a receita: música para as vacas, que elas merecem.
Por fim, agradeço as manifestações amáveis da professora Mara Rosler (Camboriú), Dalcy Meinerz (Florianópolis), Gilberto Nascimento (Porto Alegre), Valdira Medeiros (Santa Maria), Harry Streppel (Igrejinha) e Armando Pizetta, desta cidade, todos se congratulando com as reminiscências do passado santo-angelense. Para o enriquecimento das lembranças, conto com a colaboração de todos os leitores, pois, afinal de contas, conforme o dito popular, recordar é viver.
A FRASE DO CHICO XAVIER – Ciência é o amor que investiga.

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