O resto é conversa
Outro dia, escutei no rádio a publicidade da imobiliária do amigo Alberto Wachter, que termina com as seguintes palavras: a imobiliária do bem. As demais seriam imobiliárias do mal? Certamente não é essa a intenção do Alberto, mas lembrei de anúncio antigo inserido no jornal “O Debate”, do polêmico jornalista Utalino Fernandez. No atual calçadão, ao lado da Casa Porto Alegre, da Úrsula Mess, existiu por muitos anos a Joalheria Tic-Tac, do Josep Sehn. Então, o Josep patrocinou anúncio que dizia, simplesmente: JOALHERIA TIC-TAC, o resto é conversa. Os dizeres irritaram os donos das outras joalherias, mas o anúncio perdurou por bom tempo.
O Josep Sehn, hoje na vida espiritual, era um cidadão muito dinâmico, presidiu o Aero Clube e participava intensamente dos acontecimentos da comunidade. Mas o imprevisto apareceu na vida da família. O filho se envolveu em colisão de automóveis, o que determinou a desencarnação de duas pessoas ligadas ao tradicionalismo santo-angelense. Como resultado, a Tic-Tac desapareceu do cenário comercial da cidade e o Josep, a esposa Gertrudes, e o casal de filhos, se deslocaram para Minas Gerais, onde fixaram residência, dando início a outras atividades comerciais. Outro anúncio muito repetido no rádio dizia: Plantando dá, plantando oliveira dá muito mais. Era o chamamento de Volkmar Schüür para o empreendimento audacioso, inovador na agricultura santo-angelense: a plantação de oliveiras. O antigo sócio de Edgar Krug na Casa das Tintas, que existia na Marechal Floriano, alimentava o sonho de ser o precursor da industrialização do azeite de oliva na Capital das Missões. O projeto experimental começou justamente no Parque das Oliveiras. Mas o belo sonho acabou cedo, a experiência não deu certo. O solo missioneiro não respondeu como apostava o amigo Volkmar, que também presidiu o Clube 28 de Maio, em seus bons tempos.
Mas, inegavelmente, a publicidade bem feita produz excelentes resultados e cria hábitos, até prejudiciais à saúde, como os anúncios de cigarros, ora proibidos, e bebidas alcoólicas. Muita gente se tornou fumante em razão de sugestivos anúncios em que apareciam pitando atores e atrizes de Hollywood. O cigarro Hollywood, por exemplo, teve ampla aceitação entre os dependentes, justamente por lembrar filmes em que os principais astros fumavam em alto estilo. Muita gente passou para o outro lado da vida em meio a pesadas nuvens de fumaça. A dependência é tão forte que outro dia, amigo me contou que o sogro desencarnado era fumante inveterado. De duas a três carteiras de cigarro, diárias. Há poucos dias, a filha do fumante, que ainda quer manter o vício, sonhou com o pai a lhe suplicar:
– Me arruma um maço de cigarros!
A FRASE DO CHICO XAVIER – O bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte.