Gestores públicos e ligados à área da educação são unânimes em afirmar que não há condições de retornar às aulas presenciais enquanto não houver certeza da redução do número de contágio pelo novo coronavírus.
O assunto veio a tona depois que o Governador Eduardo Leite reuniu-se com a Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul e fez a sugestão de um calendário de retorno às aulas presenciais, nesta sugestão os alunos da educação infantil voltariam em 30 de agosto; ensino superior 14/9; médio 21/9; fundamental anos finais 28/9; fundamental anos iniciais 8/10.
14ª Coordenadoria Regional de Educação
“Temos que conversar sobre o tema”. Disse a coordenadora regional de educação da 14ª CRE, Rosa Maria de Souza. No entanto, ela concorda que não existe nenhuma perspectiva da retomada das aulas presenciais na primeira quinzena de setembro, mas considera importante conversar e se preparar para o retorno.
“Caso os dados em relação ao contágio por coronavírus não apresentarem diminuição, não haverá condições de retorno. Esta é uma questão básica e está sendo considerada pela Seduc – Secretaria Estadual de Educação. Além disso, não há uma imposição do Governo do Estado, apenas o início de um diálogo com a sociedade, objetivando debater sugestões de datas e possibilidades” completou a coordenadora ao ser questionada sobre o assunto.
Secretaria Municipal de Educação
A Secretária de Educação do Município de Santo Ângelo Eliane Fátima Carpes Stiegelmeier considera inviável o movimento de retorno das aulas da educação infantil e fundamental no atual cenário de contágio e circulação do covid-19 no município. Portanto, a data de 31 de agosto, sugerida pelo governo do estado, não está em cogitação no Município.
“Crianças se comunicam pelo toque” afirmou Eliane ao explicar o posicionamento da secretaria municipal de educação. Além da impossibilidade de manter as medidas de afastamento social nesta faixa etária, ela enumera outros argumentos como a readequação do quadro funcional que possui pessoas do grupo de risco e a necessidade de qualificar a infraestrutura das escolas para atender os protocolos de higiene diante da pandemia no atual estágio.
“As professoras precisam pegar no colo, trocar, dar lanche, é impossível o distanciamento, assim como nos anos iniciais; nos anos finais do ensino fundamental pode-se até conseguir este distanciamento recomendado, mas os protocolos de segurança e higiene são muitos, e em torno de 70% dos profissionais que estão no grupo de risco não voltariam, e nós teríamos que contratar profissionais” conclui a secretária.
A rede municipal possui 41 escolas, onde estudam cerca de 6 mil alunos e a maioria crianças do ensino fundamental e educação infantil. Antes de um posicionamento definitivo e a fixação de datas para o retorno das aulas presenciais, a secretaria de educação espera uma orientação que seja tomada em conjunto e tenha respaldo de entidades como AMM e Famurs.
AMM – Associação dos Municípios das Missões
O Presidente da AMM – Associação dos Municípios das Missões Ademir José Andrioli Gonzatto considera arriscado voltar às aulas neste momento. Ele falou durante uma entrevista concedida para uma rádio de Santo Ângelo em nome dos demais prefeitos da região e afirmou que este era o entendimento da maioria dos prefeitos missioneiros. Diante das incertezas relacionadas a pandemia, redução ou estabilidade do número de casos, o presidente da AMM declarou a necessidade de esperar, pelo menos, até o final do mês para ter um posicionamento mais acertado sobre o retorno das aulas.
“É muito cedo para nós liberar. A gente quer salvar vidas e proteger as pessoas, mas também temos que se organizar e a economia tem que andar junto”, Gonzatto disse ainda que estão todos ansiosos para retomar as atividades em todos os setores, mas demonstrou cautela ao argumentar sobre o reinício das aulas na região das missões.
Opinião de uma mãe
Sandra Ribeiro mora em Santo Ângelo e é mãe de três filhos(as), um deles está no ensino médio, outro no fundamental e a mais velha no ensino superior. “Acho que ainda não é momento pras crianças voltarem, não estamos livres desse vírus e seria muito arriscado, acredito que poderiam transmitir o vírus para pessoas do grupo de risco”. Afirmou Sandra ao ser questionada sobre o possível retorno as aulas.
Ela conta que as crianças ganham atividades e apostilas toda a semana em casa, os professores entram em contato e sempre procuram saber se essas atividades estão sendo feitas.