Os ipês amarelos que inspiram casais, fotógrafos e turistas na época de floração pedem socorro.O amarelo das flores ficou mais intenso no último final de semana no trecho da Av. Brasil, entre a Antunes Ribas e Marechal Floriano em Santo Ângelo. Na sexta-feira, dia 8, o cotidiano da cidade seguia normalmente e um casal de noivos aproveitava o cenário para realizar um book de fotografias, no entanto, um olhar atento para a copa das árvores permite visualizar que a ação do tempo e a falta de manejo está comprometendo a saúde dos ipês, lentamente estão enfraquecendo e perdendo as características naturais da espécie.
Além da falta de adubação, poda de galhos secos, os Ipês da Av. Brasil estão sendo asfixiados por uma planta parasita popularmente chamada “Erva de passarinho”, ela cresce nos galhos a partir de sementes, ali depositadas pelas fezes de aves.
O cinamomo era a espécie mais comum em Santo Ângelo antes na década de 60 e 70, inclusive neste trecho havia centenas de cinamomos. Os cinamomos exigiam poda constante, produziam frutos e folhas que causavam descontentamento aos moradores, além disso, os cinamomos começaram a adoecer, até que na década de 70 iniciou-se a troca desta espécie por ligustros e no referido trecho por ipês amarelos.
Os Ipês da Brasil pedem socorro!
“Quando recebem carinho estas árvores podem durar mais de 100 anos, os Ipês estão praticamente plantados no asfalto há mais de 30 anos sem adubação, poda e cuidados em geral”, disse Astrid Schneider, que reside na cidade desde 1978 e protagonizou o plantio de orquídeas no alto dos ipês conforme, matéria que editamos na contracapa desta edição. Astrid explica que é necessário organizar canteiros em volta de cada árvore para que as raízes respirem e possam receber água e os nutrientes necessários, ela indica ainda a necessidade de tratamento com fungicida e uma poda das sementes, para que fortaleça a brotação das folhas. A moradora lembra que os ipês são seres vivos e precisam de cuidados.
Ivan Frey Fideles é moradora da Brasil há muitos anos e se mostrou preocupado com a falta de cuidado com os ipês e o estado de abandono das floreiras e bancos. Ele apontou para a copa das árvores indicando o problema ocasionado pela erva de passarinho, o qual observa diariamente no alto dos ipês, muitos deles praticamente mortos por esta planta parasita.
Arborização urbana e a história
A partir da instalação da estação ferroviária na década de 1920, a população de Santo Ângelo passou a crescer intensamente. Na década de 30 a administração municipal começou colocar em prática um plano de urbanização, com construção de pavimentação nas ruas, calçamento dos passeios, e arborização.
Em 1936, 960 árvores, entre cinamomos gigantes e uva do japão, foram plantadas na zona urbana, em relatório descrito na tese de doutorado de Rodrigo Fabrício Kerber, estas espécies contemplavam as ruas Antônio Manoel, 3 de Outubro e Marquês do Herval, bem como o replantio em outras ruas e avenidas, no trecho em destaque nesta matéria, fotos antigas comprovam que a arborização era realizada com cinamomos. Na década de 70 os cinamomos da Av. Brasil estavam mais debilitados, exigiam podas constantes, causavam sujeira e foram substituídos pelos ipês e em muitas outras ruas os Ligustros.