O ex-governador Olívio Dutra participou do encerramento do XXIII Simpósio de Administração da CNEC Santo Ângelo. Na noite de quinta-feira, dia 10, fez a palestra com o tema “A experiência como gestor na Administração Pública Local, Estadual e Federal”
Olívio Dutra exerceu o cargo de prefeito de Porto Alegre; Governador do Rio Grande do Sul e foi Ministro das Cidades. Na palestra fez uma breve contextualização histórica lembrando fatos políticos que envolveram o período de intervenção militar, passando pela “retomada da democracia” até o cenário político atual. Argumentou como se dá o equilíbrio do sistema democrático por meio da constituição dos três principais poderes: Judiciário, legislativo e executivo e o papel de cada indivíduo na construção da democracia.
Valorizou o processo democrático e explicou como os interesses de grupos ou minorias podem interferir neste sistema político. Para Olívio a participação de todos é fundamental para alcançarmos a verdadeira democracia e conquistarmos o equilíbrio entre o interesse privado e público.
Para o professor Alceu Lopez de Oliveira, Olívio Dutra deu uma verdadeira aula de Gestão Pública, falando especificamente de sua experiência como Gestor Público local, estadual e federal.
Antes da palestra, Olívio Dutra concedeu uma entrevista exclusiva ao Jornal O Mensageiro, confira:
Pretende ser candidato a algum cargo político nas eleições de 2018?
Não sou candidato, mas sou um militante das políticas que estão em conformidade com o interesse da maioria da população, apoiarei candidatos comprometidos com esta causa.
-As medidas políticas tomadas ou em curso depois do impeachment podem trazer consequências desastrosas para a população?
O governo está preso, enrodilhado no próprio laço, considerando que o povo aprende com as vitórias e as derrotas e a democracia é um processo, bem provável que a maioria da população queira promover mudanças fazendo com que a vontade popular não seja esmagada pelo interesse de minorias, alcançando uma democracia mais efetiva.
-A polarização dos discursos e a visão binária entre esquerda e direita pode trazer problemas para o campo político?
É uma simplificação absurda. Mesmo dentro dos partidos existem matizes de ideias. Temos que entender que o Estado tem uma estrutura e ao mesmo tempo é um instrumento de poder, como se fosse um aparelho que historicamente esta em disputa por forças de diferentes setores (publico, privado). Ao se referir a atuação do Estado, entendo que deva prevalecer o interesse público ao privado.
–Em que medida um estado com menos interferência e mais enxuto pode contribuir com o povo brasileiro? Ou o contrário, em que medida um estado mais intervencionista e paternalista pode contribuir com o povo Brasileiro?
Essa conversa de Estado Mínimo é de “um setor”. O Estado não é público nem privado, não é mínimo nem máximo. Ele é um aparelho em disputa que deve ser do tamanho necessário para atender a um projeto social que beneficie a maioria, não pode ser propriedade de amigos, familiares ou grupos restritos da sociedade. Não é nenhuma novidade esta disputa. Devemos entender que na democracia o povo é o assistente, ao mesmo tempo que apoia, ele se organiza e faz pressão. Contudo o Estado funciona muito melhor no interesse público.