Infestação de mosquito na iminência de uma epidemia de dengue

1023 0

Uma moradora do bairro José Alcebíades de Oliveira de 41 anos, morreu infectada pelo vírus da dengue no município de Santo Ângelo. O caso foi confirmado na manhã de segunda-feira, dia 30 pela direção do hospital da cidade. Outro morador do mesmo bairro também contraiu o vírus, mas já está medicado e apresenta melhoras. Existem outros 20 casos suspeitos em Santo Ângelo. Uma reunião entre membros da Vigilância Ambiental do Estado, Coordenadoria Regional de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde ocorreu na tarde de segunda-feira, dia 30, para definir quais medidas serão adotadas no município. O encontro foi chamado de “Gabinete de Crise”.

 

A principal medida a ser tomada é a aplicação de inseticida em um raio de 300 metros onde foram confirmados os casos de Dengue. A chefe do Departamento de Vilância Ambiental, Selenir Arruda, afirma que o trabalho de conscientização e de visitação às residências tem sido feito durante todo o ano, ela acredita que a população deve ser parceira no controle.

 

“A chuva, o calor e a multiplicação do Aedes aegypti”

Em janeiro a redação do jornal detectou o crescente número de focos de mosquitos no município, tanto que, no dia 21 de janeiro publicamos com destaque a matéria “A chuva, o calor e a multiplicação do Aedes aegypti”. Naquela oportunidade os responsáveis pelo setor de Vigilância Ambiental informaram que só haveria intervenção com inseticida, caso fosse confirmado algum caso de dengue no município.

Nos três primeiros meses deste ano o estado já atingiu 75% do total de casos registrados em todo o ano passado. Conforme o último levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES), divulgado na última semana, foram confirmados 66 casos no estado: 35 autóctones e outros 31 importados.

Na segunda-feira, dia 30, alguns quarteirões do bairro José Alcebíades de Oliveira receberam rajadas de inseticidas com uma caminhonete da Secretaria de Saúde do Estado. Fora este procedimento continuam o trabalhos dos agentes locais. Segundo Selenir, o engajamento da comunidade é a principal defesa.

 

Entenda porque percebemos tantos mosquitos em nosso município e porque o risco de uma epidemia é maior no ano de 2015?

O contexto climatológico de chuvas diárias e calor intenso, percebido no início do ano de 2015, principalmente no mês de janeiro, fornecia dados suficientes para entender que haveria a multiplicação acima da média em comparação aos anos anteriores. Cada fêmea da espécie é capaz de botar até 300 ovos de cada vez. Estes ovos permanecem férteis durante 450 dias esperando uma simples umidade para eclodir e formar as larvas, deste modo, iniciar o ciclo de vida de novos mosquitos. Em toda a sua vida uma única fêmea é capaz de postar até 1500 ovos.

Os locais mais comuns onde o Aedes aegypti se prolifera em Santo Ângelo, conforme o relato das equipes da Vigilância Ambiental, são piscinas infantis, pequenos reservatórios, onde a população guarda a água da chuva para regar plantas e lavar calçadas, em pneus velhos expostos ao tempo, recipientes como latas e garrafas. No entanto, já foram encontradas larvas em cascas de ovos, tampas de garrafa, constatando assim que em pequenos objetos e acúmulos em menor volume é o suficiente para a procriação do mosquito.

 

Porque não é aplicado inseticida em todo o município?

O mosquito por si só não oferece risco a saúde das pessoas, por este motivo as autoridades não tomam nenhuma providência além da habitual visita aos domicílios urbanos, até que surjam casos de dengue nas cidades. O Aedes aegypit passa a se tornar um agente perigoso em caso de existir uma pessoa infectada com o vírus, pois ele (o mosquito) serve apenas de veículo, levando sangue infectado de uma pessoa para outra. Se caso uma pessoa infectada for picada, a próxima atacada pelo mesmo mosquito se torna uma séria candidata a contrair a doença.

 

Percebi um foco o que faço?

Quem perceber a presença do Mosquito da Dengue em sua residência pode ligar para o número (55) 3313 1160. Segundo a Vigilância Ambiental, será feito um agendamento para que todas as residências do quarteirão onde o mosquito foi encontrado e identificado possa receber a orientação e a ajuda para eliminar os focos.

Embora o trabalho mais importante seja não deixar água acumulada em local algum, é possível usar os inseticidas recomendados para o controle doméstico. São encontrados no comercio local e devem ser aplicados com todas as precauções e recomendações do fabricante para que não haja contaminação de pessoas e animais.

 

Saiba mais

O mosquito é popularmente conhecido como mosquito-da-dengue ou pernilongo-rajado, em referência à suas típicas listras brancas e pretas.

 

Alimentação

Machos e fêmeas do Aedes aegypti alimentam-se de substâncias açucaradas, como néctar e seiva. Somente a fêmea pica o homem para sugar sangue (hematofagia), alimento necessário à maturação dos ovos. Geralmente, a hematofagia é mais voraz a partir do segundo ou terceiro dia depois da emergência da pupa e da cópula com o macho.

Este mosquito tem hábitos preferencialmente diurnos e alimenta-se de sangue humano, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. Mas ele também pode picar à noite? Sim. Ele não deixa a oportunidade passar.

 

Reprodução e desova

Entenda o ciclo reprodutivo do mosquito transmissor do vírus da dengue:

O acasalamento do Aedes aegypti se dá dentro ou ao redor das habitações, geralmente nos primeiros dias depois que o mosquito chega à fase adulta. É preciso somente uma cópula para a reprodução ser concretizada, pois a fêmea guarda o esperma na espermateca. Após a cópula, as fêmeas precisam realizar a hematofogia (alimentação com sangue) importante para o desenvolvimento completo dos ovos e sua maturação nos ovários Normalmente, as fêmeas do Aedes aegypti encontram-se aptas para a postura de ovos três dias após a ingestão de sangue, passando então a procurar local para desovar.

A desova acontece, preferencialmente, em criadouros com água limpa e parada. Os ovos são depositados nas paredes do criadouro, bem próximo à superfície da água, porém não diretamente sobre o líquido. Daí a importância de lavar, com escova ou palha de aço, as paredes dos recipientes que não podem ser eliminados, onde o ovo pode permanecer grudado.

Neste artigo

Participe da conversa