Sábado 24/09/2011

Existe fazer estreia? Não. Existe estrear. Não se faz estreia. Estreia não se faz. Fazer alguma coisa pela primeira vez, qualquer coisa, é estrear. Basta, então, o verbo...

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Existe fazer estreia? Não. Existe estrear. Não se faz estreia. Estreia não se faz. Fazer alguma coisa pela primeira vez, qualquer coisa, é estrear. Basta, então, o verbo estrear e não os dois verbos juntos fazer estreia. A frase – Ângela faz a sua estreia como modelo – está correta? Não. Correta fica se for escrita assim: Ângela estreia como modelo. Pode-se estrear uma roupa, um calçado, um penteado. Estreia, na nova ortografia, não tem acento porque o ditongo aberto ei em paroxítonas perdeu o acento. Estrear, no presente do indicativo, é assim: estreio, estreias, estreia, estreamos, estreais, estreiam.
Existe correr atrás do prejuízo? Não. Correr atrás do prejuízo significa, entre outras coisas, que o sujeito quer o prejuízo, busca o prejuízo. Ninguém é bobo ou burro para correr atrás do prejuízo. Então esta frase – Maria correu atrás do prejuízo – está errada? Está. Para ser correta, deve ser escrita assim: Maria correu do prejuízo. Correr do prejuízo significa fugir do prejuízo, escapar do prejuízo. Existe acaso correr atrás do sucesso? Existe. É correto dizer correr atrás do sucesso, correr atrás da vitória, correr atrás do lucro.
Existe sair fora? Existe, mas é errado. A frase – O diretor saiu fora da empresa inconformado com o monopólio exclusivo – está errada? Está. Está porque existem repetições de sobra, ou seja, dois pleonasmos viciosos: sair fora e monopólio exclusivo. Sair fora é uma redundância, uma repetição tal como entrar dentro, subir para cima e descer para baixo. Monopólio é uma exploração exclusiva de um negócio, de uma empresa, de uma indústria. Dizer monopólio exclusivo é o mesmo que repetir monopólio monopólio ou exclusivo exclusivo.
Há radialistas e locutores de televisão que dizem frase como esta: O goleiro saiu fora da área. Correto o português deles? Não. Errado. Pois sair é ir para fora, é passar para fora. Acertariam se dissessem: O goleiro saiu da área. Os comentários de sair fora ou sair para fora já foram contemplados no parágrafo acima. Mas é bom reforçar que sair fora, sair para fora e entrar para dentro, como subir para cima e descer para baixo, são exemplos de equívocos, de erros, os quais, em nível culto de linguagem, devem ser evitados. Existe menas? Não. Existe apenas menos. Ainda existem estudantes que teimam em dizer frases assim: Havia menas questões de português nessa prova. Devem eles saber, como todos os demais, que a palavra menos nunca varia. Devem dizer havia menos questões de português nessa prova; havia menos mulheres que homens no teatro; dessa vez, as perguntas foram bem menos.
Existe a nível de? Existe, mas é desnecessária. É um modismo que deve ser evitado sempre. Há outros modos de dizer a mesma coisa. Assim: Trata-se de uma decisão de diretoria [e não, de jeito algum, assim: Trata-se de uma decisão a nível de diretoria]. Assim: O candidato teria hoje, em termos municipais, 70% de aprovação [e não, de jeito algum, assim: O candidato teria hoje, a nível estadual, 70% de aprovação]. Na falta de recursos, os falantes podem usar, em extrema necessidade, no nível de e em nível de. E podem usar ao nível de quando tiverem em mente o significado de a mesma altura. Guarujá, por exemplo, é uma das cidades brasileiras que estão ao nível do mar.

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