Mau e mal são palavras que costumam complicar a cabeça de quem as escreve. Complicam, inclusive, a cabeça de um ou outro jornalista. Para quem as escreve e deve escrevê-las, uma forma de não as trocar é usar a dupla antônima: mau/bom e mal/bem. Outra forma é usar para o masculino mau a feminina má. Outra forma é pluralizar mau e má: maus e más. Outra forma é saber que não há plural para mal e bem [adverbializados]. Outra forma é memorizar que a dupla mau/bom é adjetivo e que a dupla mal/bem é advérbio. Mau/bom como adjetivos têm estas duas informações: acompanham substantivos e com estes concordam em gênero e número. Mal/bem como advérbios têm estas duas informações: acompanham verbos e são invariáveis.
Exemplos de frases corretas com o uso da dupla dos adjetivos mau e bom: João conhece a fábula do lobo mau e do cordeiro bom. Joana, parafraseando, intitulou essa fábula com a loba má e a ovelha boa. Francisco pluralizou o título da fábula conhecida por João – os lobos maus e os cordeiros bons – e também o título criado pela Joana – as lobas más e as ovelhas boas. Como se vê, lobo, cordeiro e ovelha são substantivos. Mau e bom, má e boa são adjetivos. E, como adjetivos, sempre têm estes dois sempre: sempre acompanham substantivos e com estes sempre concordam em gênero e número. E agora exemplos de frases corretas com o uso da dupla dos advérbios mal e bem: Pedro Novais, ex-ministro do Turismo, não declarando amor para Dilma Rousseff, deu-se mal e caiu. Carlos Lupi, ministro do Trabalho, deu-se bem na Câmara dos Deputados, negou irregularidades, declarou amor por Dilma Rousseff, atirou-lhe um beijo e permaneceu na pasta. Os ex-ministros Mário Negromonte, José Dirceu e Orlando Silva, envolvidos em corrupções, deram-se mal. Muitos ministros, senadores e deputados, mesmo corruptos, dão-se bem com a cara de pau, tanto na pasta da política, quanto na pasta da corrupção. Como se vê, mal e bem são advérbios e, como tais, sempre têm estes dois sempre: sempre acompanham verbos e permanecem sempre invariáveis.
Mau é sempre adjetivo e mal é sempre advérbio? Não. Podem mudar de classe gramatical, ou seja, podem ficar substantivos. Acompanhados de determinantes, transformam-se em substantivos. Os determinantes mais comuns são os artigos, os numerais e os pronomes demonstrativos. Exemplos de mau empregado como substantivado: O mau pode ser bom. Os maus podem ser bons. Um mau, dois maus, esse mau, esses maus. Exemplos de mal empregado como substantivo: O mal pode virar bem. Os males podem virar bem. Um mal que envergonha o país é a corrupção. Corrupções são esses males que invadem não só os Ministérios, mas também a Câmara dos Deputados e o Senado. Há ministros, deputados e senadores viciados nesses males. Aliás, nem se sentem ministros, deputados e senadores sem esses males. Bom e bem, uma vez acompanhados de determinantes, também se transformam em substantivos: O bom alcança a recompensa. Os bons buscam o bem e os bens. O bem constrói o homem e o mundo. O bom e o bem de Deus vêm.