Sábado- 09/07/2011

Esta notícia foi publicada no Correio do Povo no dia 1º de julho de 1911: Na proxima semana, começarão as obras dos grandes predios que o sr. Pedro...

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Esta notícia foi publicada no Correio do Povo no dia 1º de julho de 1911: Na proxima semana, começarão as obras dos grandes predios que o sr. Pedro Chaves Barcellos e o Banco Allemão levantarão á rua General Camara, em terrenos contiguos ao occupado pelo edificio do Café Colombo.
Anos depois, uma reforma ortográfica colocou acento nas palavras próxima e Câmara por serem proparoxítonas e nas palavras prédios, contíguos e edifício por serem paroxítonas terminadas em ditongo oral crescente.
O acento de crase era pendido para a direita, á; hoje, para a esquerda, à. Barcellos e Allemão perderam um l e ficaram Barcelos e Alemão; occupado perdeu um c e ficou ocupado. A palavra senhor abreviada era escrita minusculamente: sr. Hoje,com a reforma ortográfica  ainda estudada nas escolas, escreve-se com inicial maiúscula: Sr. A mesma grafia vale para senhora [ Srª.], senhorita [Sr.ta], professor [Prof.], Vossa Excelência [V. Ex.ª]. Aliás, esta nova reforma ortográfica diz que todos os axiônimos, uma vez abreviados, devem iniciar com maiúscula: Sr., Dr. , Prof.ª, etc. Escritos por extenso, podem iniciar com minúscula ou com maiúscula: senhor doutor ou Senhor Doutor. Em termos simples e populares, axiônimos são nomes dos tratamentos nobres, de destaque, e das profissões.
Os motivos centrais desses dois parágrafos são os de dizer que as palavras, no decorrer do tempo, mudam a grafia, ou seja, num tempo são escritas sem acento e com mais letras, noutro, com acento e menos letras. Nos dois tempos, porém, os falantes as pronunciam de forma idêntica: proxima/ próxima; predios/ prédios; Allemão/Alemão; Camara/Câmara; contiguos/ contíguos; occupado/ocupado; edificio/ edifício; á/à.
E principalmente para estes dizeres um pouco mais polêmicos: os acentos de crase e os acentos gráficos das palavras deveriam ser, no todo, eliminados. Gramatical e oficialmente, se poderia deixar, no máximo, um lado facultativo para os falantes mais rigorosos porem ou não acento de crase ou acento gráfico em raros casos. Eu, pessoalmente, não os poria mais, nem mesmo em palavras de mesma escrita e de significado diferente. Exemplificando, eu não poria acento nem na palavra carne. Não, porque o contexto me daria a pronúncia, o gênero e o significado dessa palavra. Ou seja, o contexto faria com que eu soubesse pronunciá-la de forma paroxítona ou oxítona: carne ou carnê. Em sabendo a pronúncia certa, eu saberia o gênero certo da palavra: a carne/ o carnê. E, sabendo essas duas coisas, eu saberia distinguir nela o significado certo.
Os acentos de crase, então, nem se fala: são espantalhos velhos, anacrônicos e inúteis – cadáveres prontos para os abates e as campas. [Campas nos tempos realistas de Machado de Assis; nos tempos pós-modernos dos escritores, poetas e cantores, também gaúchos e missioneiros, túmulos.]. Sirva este exemplo: Vou à Bahia, vou à Argentina e vou à Itália. E agora o mesmo exemplo escrito assim: Vou a Bahia, vou a Argentina e vou a Itália. Nas duas frases, a primeira com acento de crase obrigatório e a segunda com acento de crase propositadamente abolido, pronuncio da mesma forma o a, dou e tenho o mesmo significado: sei que vou a esses três lugares.

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