Sábado 06/08/2011

Hoje vamos ver alguns detalhes de palavras e expressões de português que nem sempre são bem observados  pelos que falam e escrevem. A palavra ponche, por exemplo, não...

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Hoje vamos ver alguns detalhes de palavras e expressões de português que nem sempre são bem observados  pelos que falam e escrevem. A palavra ponche, por exemplo, não está empregada no sentido real nesta frase: Muitos gaúchos, nos dias frios do inverno, saem vestidos de ponche. Ponche não é roupa, mas bebida, uma bebida suave, de frutas picadas. Na frase em tela, ponche deveria e deve ser substituída por poncho. Poncho é capa quadrangular com abertura no meio para enfiar a cabeça. Ponche Verde é arroio, afluente da margem esquerda do rio Santa Maria, no município de Dom Pedrito. O significado da palavra ponche [arroio, água] de Ponche Verde deve ter ligação estreita, pelo jeito, com o significado da palavra ponche: bebida suave e frutas picadas. Há paulistas que, ainda hoje, preferem usar a palavra ponche à palavra poncho.
Outra inobservância do bem falar e do bem escrever se encontra nesta expressão: Surgem situações tais como, por exemplo, corrupções vetustas no Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit). Existe algum senão de português na frase? Existe. Existe o senão do pleonasmo, ou seja, da redundância grosseira, da repetição desnecessária e inútil. Tais como e por exemplo se repetem. Basta uma dessas expressões. Uma delas, pois, deve ser excluída. A frase acima, para ser correta, deveria e deve ser dita e escrita assim: Surgem situações tais como corrupções vetustas no Dnit. Ou assim: Surgem situações como, por exemplo, corrupções vetustas no Dnit. Aliás, uma CPI proba, séria e justa poderia ser instalada para fazer uma faxina radical no Dnit nessas últimas seis décadas e conhecer os nomes de cidadãos e empreiteiras, em todos os estados, que, com a dinheirama roubada do povo e da pátria, ficaram milionários, graúdos de colarinho e terno, impunes e soltos.
No primeiro parágrafo, na expressão afluente da margem esquerda do rio Santa Maria, a palavra rio não deveria nem deve ser escrita com letra inicial maiúscula? Não. A palavra rio escrevia-se, escreve-se e escrever-se-á com inicial minúscula: rio Santa Maria, rio Ijuí, rio Ijuizinho, rio Comandaí, rio Piratini, rio Santo Cristo, rio Uruguai, rio Paraná, rio Amazonas, etc.
Na frase, o Brasil bate record em quantia de vereadores, deputados e senadores corruptos, existe algum erro de português? Existe. Existem dois erros: record e quantia. Record, palavra inglesa, há tempo foi aportuguesada para recorde. A palavra quantia deveria e deve ser substituída pela palavra quantidade. Quantia usa-se para dinheiro, para somas em dinheiro. E quantidade usa-se para todos os demais casos: pessoas e coisas. Pondo no português culto, a frase acima fica escrita deste modo:  o Brasil bate recorde em quantidade de vereadores, deputados e senadores corruptos. Houaiss registra a pronúncia proparoxítona: récorde. Os demais dicionaristas e gramáticos registram a pronúncia paroxítona: recorde. Essa é a pronúncia consagrada, popularizada e que deve ser usada, ou seja, a pronúncia paroxítona: recorde.
Lê-se e ouve-se que há municípios querendo aumentar a quantidade de vereadores. Novo Hamburgo, por exemplo, quer aumentar de 14 para 21 o número de vereadores e não diminuir de 14 para 7. Para o bem do povo e do município, do estado e do país, não bastava a metade da quantidade de vereadores, deputados e senadores?

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