A história do Combate da Ramada
Narrada por João Pinto Ribeiro, integrante do 16º Corpo Auxiliar da Brigada Militar. Corpo ou Força Promissória. Narração feita ao seu sobrinho Osório Pinto, residente em Santo Ângelo.
Após o insucesso do ataque a Ijuí, as forças da Coluna Prestes rumaram à costa do rio Uruguai, tendo acampado num capão de mato na “Ramada”, local entre Ijuí e Palmeira das Missões. Ali foram atacados pelo 16º Corpo Auxiliar da Brigada Militar, vindas da região de Independência, esquina Scholtz, onde estavam acantonados. O combate foi violento. Homens e cavalos tombaram mortos numa lagoa que ficou tinta de sangue de homens e de cavalos. Em dado momento terminou a munição.
Frente a frente as forças contrárias, Chico Taborda, figura popular em Santo Ângelo e Giruá, pela sua valentia nos combates de revolução, com apenas 15 anos, vinha distribuindo a munição, racionada um pente de balas para cada soldado, montado em um burro. Repentinamente uma bala atingiu sua montaria, que era o referido burro, o qual caiu mortalmente. Ele não se intimidou, pegou a sacola de projéteis, colocando-a nos ombros, continuou a pé o trabalho de distribuir a munição.
Terminada a munição, deram ordem para colocar as baionetas e enfrentar na marra o que desse e viesse. Nesse momento em que estavam frente a frente de baionetas caladas para o combate (frente a frente), chegou em seu socorro o 8º Regimento da Brigada Militar, comandado pelo Coronel Claudino Nunes Pereira (meu tio), que os tirou do aperto.
Deram ordem de retirar. Os outros, da Coluna Prestes, também retiraram. Talvez para a lagoa que estava tingida de sangue. Prestes, dando provas de ser um gênio de guerra, colocou fogo no campo, e escapou com sua tropa por trás da fumaça.
A brigada avançou, mas não mais o encontrou. Pois, ele havia rumado, para o rio Uruguai em cuja trajetória morreu o Tenente Portella, seu inseparável companheiro. Foram rumo ao Paraná para encontrarem-se com as forças dos Generais Miguel Costa e Izidoro Dias Lopes, formando uma coluna só com as forças que vieram de São Paulo.
Capitão Luis Carlos Prestes e Coronel Pedro Arão- Segundo li, o Coronel Pedro Arão veio com seu batalhão de revolucionários da zona de Giruá para participar da Coluna Prestes. Acantonou-se na zona do Ijuizinho, ficando responsável pela região que ia da ponte do rio Ijuí, Santo Ângelo, Giruá, Santa Rosa, até a costa do rio Uruguai. Foi nomeado por Luis Carlos Prestes, General da Força Revolucionária.
Após algum tempo de acampados as esposas de seus rebelados começaram sucessivamente a irem visitar seus maridos no acampamento e pedirem-lhes que voltassem, porque a família estava precisando deles, os filhos principalmente.
Queixaram-se que as lavouras estavam abandonadas. As criações estavam sem ter quem cuidasse delas. Não tinham quem trabalhasse pelo sustento da família. Após algum tempo dessa situação, o coronel, ora promovido a general da revolução, Pedro Arão, tomou uma resolução. Procurou o capitão Luis Carlos Prestes e pediu-lhe que o libertasse de sua palavra de honra de que acompanharia sua revolução, porque a sua revolução estava perdida, porque não tinham o apoio das mulheres, porque o homem sem apoio da mulher não luta. Por isso, pedia-lhe para retornar ao Passo da Pedra e Giruá com seu batalhão revolucionário. Assim, encerrou-se a participação de Pedro Arão na Revolução de 1924. Este caudilho maragato foi clarividente, pois, através da História está comprovado que o homem sem sua mulher não luta. A revolução de 1924, ecabeçada pelo Capitão Luis Carlos Prestes, com sua coluna, foi uma grande odisséia de alerta atrevés do Brasil, mas terminou fracassada.