“A colheita de amanhã será…”

Se a colheita do futuro dependesse da jovem Maíra Alfaro “uma agrofloresta alimentaria o mundo”. Mas enquanto ela não concretiza o sonho de formatar uma agrofloresta, planta, colhe...

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Se a colheita do futuro dependesse da jovem Maíra Alfaro “uma agrofloresta alimentaria o mundo”. Mas enquanto ela não concretiza o sonho de formatar uma agrofloresta, planta, colhe e organiza um colorido kit de vegetais, organicamente cultivados na propriedade da Família Alfaro em Restinga Seca, interior de Santo Ângelo, este kit é entregue na porta da casa dos seus clientes, em geral, pessoas interessadas em alimentos mais saudáveis e cultivados sem produtos químicos.


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Maíra Alfaro – Produtora de hortaliças orgânicas


Maíra Alfaro tem 28 anos, nasceu na zona urbana, é formada em direito e exerce a função de assessora jurídica no Ministério do Trabalho. Mas sua realização pessoal também é fruto do trabalho paralelo que realiza. Ela é uma produtora rural, embora a horta orgânica não seja a única fonte de renda, ela afirma que o negócio com as hortaliças já é autossustentável.

Seus clientes estão conectados por um grupo de Whatsapp. Ela envia uma mensagem com a informação: A colheita de amanhã será de… O cliente escolhe os alimentos da semana e depois disso, a jovem Maíra seleciona os produtos na horta e forma um kit personalizado, que é entregue, por ela, na porta da casa do cliente.
Maíra Alfaro e outros quatro produtores do município conquistaram a certificação de produção orgânica em dezembro e o perfil desta produtora de alimentos ainda é uma exceção.

Segundo o Censo Agropecuário de 2017, 97% dos empreendedores rurais do município têm mais de 30 anos, deste universo, 54% estão na faixa de 30 a 60 e 43% tem mais de 60 anos de idade.
Mas não é só a idade e a vida urbana que faz de Maíra uma exceção. No ano de 2006, 68% dos estabelecimentos rurais de Santo Ângelo usavam agrotóxico na produção, em 2017 este percentual saltou para 80%.

Produzir sem nenhum produto químico exige, segundo Maíra, mais paciência, observação, respeito aos ciclos naturais das plantas, evitar a plantação de uma única espécie no mesmo canteiro, mais planejamento para manter a escala e atender a demanda.

“Meus canteiros parecem uma bagunça, mas é uma bagunça planejada, tudo tem uma função biológica para respeitar o ciclo da natureza”, afirmou a produtora.

O trabalho de Maíra contrasta ainda mais com o modelo de negócio dos produtores locais. Quase a totalidade dos empreendedores desta área percebem na monocultura da soja, a saída para seus empreendimentos.
No ano de 2017, a produção agropecuária em Santo Ângelo estava concentrada em uma área de 44.406 ha. A soja está presente em 40 mil hectares. A diversificação de cultura, ainda não é uma realidade.

Maíra é precursora de uma nova cultura, percebe que é possível investir em larga escala em outros modelos de empreendimento rural, como o agroflorestal, um sistema milenar que foi abandonado. Por enquanto, esta jovem empreendedora esta focada em estender a produção que faz para um seleto grupo de amigos e conhecidos, mas se pudesse, “alimentaria o mundo com uma agrofloreta”.

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