Sábado 24/12/2011

Estas duas expressões – “a pouco” e “há pouco” – são opostas em relação ao tempo. A pouco refere-se a tempo posterior, a tempo futuro. E há pouco...

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Estas duas expressões – “a pouco” e “há pouco” – são opostas em relação ao tempo. A pouco refere-se a tempo posterior, a tempo futuro. E há pouco se refere a tempo anterior, a tempo passado. Todos os terráqueos sabem dizer que daqui a pouco será o Natal. E depois de amanhã todos saberão dizer que foi há pouco o Natal. Todos sabem que há pouco, há doze meses, iniciou 2011. Todos sabem que daqui a pouco, daqui a poucos dias, vai iniciar o ano 2012. Muitos cristãos, daqui a pouco, irão às igrejas. Muitos, mesmo dentro das igrejas, vão pensar: daqui a pouco vou comer e beber. Depois, na hora da ceia, muitos vão dizer que há pouco voltaram das igrejas. A expressão “a pouco” se refere também a espaço, a distância. Existem restaurantes a pouco mais ou menos uma quadra do Centro Histórico de Santo Ângelo. Guarani das Missões fica a pouco mais de quarenta quilômetros da Capital missioneira.
Outras duas expressões muito usadas pelos falantes da língua portuguesa são “a pouco e pouco” e “pouco a pouco”. A expressão “a pouco e pouco” pode perder o “a” e ser dita “pouco e pouco”. “A pouco e pouco” é variação de “pouco e pouco”. O uso da primeira expressão, ou seja, da “a pouco e pouco”, parece exclusivo da língua escrita literária. Escritores, pois, utilizam “a pouco e pouco” ou “pouco e pouco”, sem o “a”. Um exemplo de Machado de Assis: A conversa foi a pouco e pouco fazendo-se natural e correta. Um exemplo de Rebelo da Silva: A pouco e pouco raiou uma pluma de fogo na escuridão. E um exemplo de um escritor clássico, ou seja, do poeta Camões: Pouco e pouco sorrindo e gritos dando/ se deixam ir dos galgos alcançando. A expressão “pouco a pouco” é a forma usual, popular, moderna. E por ela ser popular e simples, moderna e atual, é a expressão que hoje se usa.
Outra expressão muita usada, mas nem sempre acertada na escrita, é “bem-vindo”. Muitos a escrevem sem hífen. A escrita correta foi e continua sendo com hífen quando o elemento “bem” é seguido por elemento que começa por “vogal” e por “h”: bem-aventurado, bem-educado, bem-estar, bem-intencionado, bem-humorado, bem-herdado, bem-hipnotizado.
E também quando o segundo elemento tem vida autônoma na língua ou ainda quando a pronúncia o requer:  bem-visto, bem-nascido, bem-falante, bem-ditoso, bem-criado. E, por ser adjetiva, varia em gênero e número: bem-vindo, bem-vindos, bem-vinda, bem-vindas, bem-nascido, bem-nascidos, bem-nascida, bem-nascidas.   
E, por último, “bem-aventurado”. Essa expressão teve e continua tendo hífen. A palavra “bem” não varia. Varia em gênero e número o termo “aventurado”. Significa homem que, depois da morte, desfruta da felicidade celestial e eterna. Mulher que, depois da morte, tem essas mesmas graças celestiais e eternas, é “bem-aventurada”.
Jesus Cristo atualizou-a no tempo: vale para os homens e as mulheres que, em vida, praticam os conteúdos das bem-aventuranças na Terra. Que haja, pois, na Terra, do Natal de 2011 até o Natal de 2012, mais homens bem-aventurados e mais mulheres bem-aventuradas! Que surjam, sem falta, esses e essas mais! Feliz Natal!           

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