Quarta-feira 29/06/2011

A Campanha da Legalidade- III Depois daquele dia, o Comando Geral de Greve botava uma nota na rádio ao ar convocando o comércio, a indústria e os bancos...

911 0

A Campanha da Legalidade- III
Depois daquele dia, o Comando Geral de Greve botava uma nota na rádio ao ar convocando o comércio, a indústria e os bancos a fecharem suas portas em apoio à greve. Nós, imediatamente, largávamos outra  nota conclamando a todos os estabelecimentos a abrirem suas portas, que a ordem seria garantida pelas forças armadas. Nota essa em nome da associação comercial. E assim continuou até 31 de março de 1964, quando a situação mudou.
Tomaram muitas atitudes de intimidação, mas  não nos deixamos abater. Tivemos de envolver a Associação Comercial e apoiando ações da comunidade, visando coibir atos arbritários do Coronel Madeira. Meu amigo, Dr. Guido Emell, me avisou e disse: “Não devias ter te envolvido com essas questões todas, pois entraste na primeira lista de fuzilamento que fizemos. Dos envolvidos somente Olívio Pilau foi absolvido. Quando almoçávamos com nosso ex vendedor Getulio Pavlak em Campo Novo, disse que chefiava mais de 50 grupos de 11 na região celeiro e que aonde ele ia um secreta da polícia o seguia e o cuidava dia e noite, de fato, logo apareceu um inspetor de polícia para almoçar no restaurante.
Também houve reunião na Federação Comercial com os presidentes de Associações Comerciais para avaliarem a situação política do país. Passamos a presidência da Associação Comercial para o Sr. Brasil Catani. Este também sofreu ameaças da extrema esquerda. Nós e nosso compadre Juarez Feijó mantíamos os tanques dos jeepes cheios de gasolina, para a qualquer hora podermos fugir com as famílias, no caso de estourar um movimento pelas esquerdas, de revolução. Estávamos numa reunião de indústrias, comércio e bancos, na Associação Comercial, quando fomos avisados de que saía fumaça debaixo da escada. Acorremos lá, verificamos que se tratava de uma bomba de fabricação caseira.Foi desativada, cortando o estopim. Foi chamada a polícia, que fez o levantamento e o registro. Nunca ficamos sabendo quem colocou a bomba…
A situação do país continuou evoluindo com cada vez mais greves e agitações. Os pronunciamentos do Sr. Brizola, pregando cada vez mais agitação ao povo, conclamando-o à desordem civil. O Sr. João Goulart, não tendo mais o apoio da direita, do centro e dos militares, procurou se apoiar na esquerda e na extrema esquerda, fazendo pronunciamentos desafiadores, condenando a ordem civil. Os militares, os democratas e a direita procuram se articular secretamente para a eventualidade de terem de tomar uma atitude e assumir o Governo. Fizeram um pacto, entre civis e militares, se comprometendo os militares a tomar o governo e em dois anos devolverem o poder aos civis, com o país em ordem e limpo. E organizado.  Esse foi o compromisso dos militares com as forças democráticas da nação. O Sr. João Goulart e os sindicatos fizeram greve geral parando a nação. Os fuzileiros navais entraram em greve, condenada pelo alto comando da Marinha. Eles desafiaram os seus comandantes. O Presidente da República se solidarizou, apoiou os grevistas, desrespeitando à ordem constitucional e à hiearquia militar.
A sociedade tomou uma atitude promovendo “A MARCHA COM DEUS PELA LIBERDADE”, promovendo uma passeata com  milhares de pessoas, as mulheres fazendo um “panelaço”. Foi a gota d’água os militares, sentindo que tinham o apoio da população, deflagaram um movimento armado, articulado em defesa da ordem. Era a Revolução deflagrada em 31 de março de 1964 por maior parte das forças armada, os governos dos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, chefiados pelos governadores Magalhães Pinto, Ademar de Barros, Carlos Lacerda e Ildo Meneguetti, apoiados pelas forças democráticas e classes conservadoras e produtivas da nação. O General Mourão Filho, partindo de Minas Gerais com suas tropas sobre o Rio de Janeiro, o Gal Kruel deslocou o terceiro Exército, também, sobre o Rio de Janeiro, o General  Cordeiro de Farias partiu com parte de terceiro Exército de Curitiba para Porto Alegre, junto com unidades da Marinha de Guerra, zarpando sobre a cidade de Rio Grande. Parte dos regimentos do Rio de Janeiro e 90% dos efetivos do Rio Grande do Sul eram favoráveis ao Governo Federal.
O Sr. Leonel Brizola veio para Porto Alegre e, com apoio de parte da brigada, tomou o Palácio Piratini, assumindo teoricamente o Governo do Estado. O Sr. Ildo Meneguetti fugiu para Passo Fundo e estabeleceu lá o governo do Estado. Organizou uma resistência civil, partindo numa marcha com 60.000 voluntários em direção a Porto Alegre. O governador Carlos Lacerda teve o palácio sitiado por fuzileiros navais sublevados e depois liberado por forças do exército favoráveis à Revolução. O Sr. Leonel Brizola, organizando uma cadeia de rádio, falando dia e noite, conclamando os militares à desobediência aos seus chefes e pregando a sublevação da ordem aos militares.
Isso mexeu com o brio de oficiais e sargentos, e, cosequentemente os regimentos foram sucessivamente aderindo à Revolução, começando por Bagé, Uruguaiana, Santa Maria, São Luiz, Santa Rosa, Cruz Alta já participava. Finalmente Porto Alegre. Acompanhávamos pelo rádio o desenrolar dos acontecimentos. Santo Ângelo estava em dúvida. Continua…

Neste artigo

Participe da conversa