Médico Rolando Luís Stümpfle foi diretor e fundador do melhor time de todos os tempos na Capital das Missões
A Associação Esportiva Santo Ângelo (AESA) brilhou no futebol gaúcho, apesar da curta temporada de existência. Resultado da fusão de Tamoio Futebol Clube e Grêmio Sportivo Santo-angelense, a AESA foi 3ª colocada na Taça Governador do Estado em 1972. Fundada em 19 de abril daquele ano, por seu primeiro presidente Rolando Luís Stümpfle.
Na diretoria do AESA, em sua fundação, estavam Ivaldo Severo, Assis Brasil Ramos Escobar e Raul Viñas. Em 1973, o técnico Chiquinho, que mais tarde treinou Grêmio e Internacional, foi o técnico. Em 1973, a AESA integrou a Divisão Especial do campeonato gaúcho, vindo a enfrentar o Grêmio e o Internacional. Em 1974, voltou a disputar a Taça Governador do Estado. Em 1975, participou do campeonato gaúcho da Divisão Especial.
Da assembleia surgiu a fusão
Em assembleia realizada no ano de 1972, foi decidido que haveria fusão entre os clubes santo-angelenses. O Tamoio queria a fusão com Elite e Grêmio SS. Na época, o estádio do Tamoio tinha capacidade para 6 mil pessoas. Com a fusão, o objetivo era construir um estádio para abrigar 30 mil torcedores. O presidente do Conselho Deliberativo Irany Araújo dos Santos e o secretário Jorge Meneghetti comandaram a assembleia, que, formou a Comissão Pró-Fusão com Rolando Stümpfle, Clemente Bandeira, João Carlos Medeiros, Newton Furtado Fabrício, Assis Brasil Ramos Escobar, Celso Ritter e Armindo Bratz.
Convidado pela Comissão Pró-Fusão, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Rubens Hoffmeister, esteve em Santo Ângelo/RS para tratar do assunto, sendo recebido no Aeroporto por Rolando Stümpfle.
No dia 20 de abril de 1972, o Grêmio SS realizou uma assembleia para decidir a participação ou não na criação de uma nova equipe de futebol em Santo Ângelo, com a união de Grêmio, Elite e Tamoyo.
O presidente do Grêmio SS, Raul Viñas reuniu os seguintes cidadãos: Jorge Meneghetti, João Carlos Almeida, João A. Filho, Eloir Leite Taborda, Djalma Ferraz, Leovegildo Moraes, João Baptista Santos da Silva, Arthur Lopes, Roque Santos, Márcio Venacor, Onésimo Nardes, Cursino Campos, Benjamin Meneghetti, Reinoldo Panzenhagen, Rui Lourega, Devargílio Freitas, Paulo Nascimento, Eduardo Pérsigo, Roberto Paz, Otacir Dias e Olmiro Araújo.
O Grêmio SS formou a sua comissão pró-fusão com Raul Vinãs, César Zarzi, João A. Filho, João Carlos Almeida e Jorge Meneghetti.
A visita de Hoffmeister
Convidado pela Comissão Pró-Fusão, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Rubens Hoffmeister, esteve em Santo Ângelo em 1972, sendo recebido por Rolando Stümpfle e demais integrantes, desportistas e imprensa, no aeroporto. Rubens deslocou-se primeiramente a Ijuí e Cruz Alta, onde realizou reuniões com os dirigentes dos clubes destas cidades. À tarde, retornou a Santo Ângelo e passou algumas horas visitando amigos e conhecidos dos tempos em que fora atleta do Grêmio Sportivo Santo-angelense.
Na residência de Rolando Stümpfle, a partir das 18h30min, Hoffmeister esteve reunido com a imprensa local. Na oportunidade, estiveram presentes Celso Bernardi, Luís Valdir Andres, João Baptista Santos da Silva e Cláudio Wilmar Schroeder. Em vez de procurar uma solução ao futebol santo-angelense, Hoffmeister culpou os insucessos do futebol do interior do Estado à imprensa e à dupla Gre-Nal, que acusava os co-irmãos de tentar prejudicar o futebol dos clubes pequenos. Após, Hoffmeister foi homenageado com um jantar no Restaurante Minuano.
Em reunião na biblioteca pública municipal, Hoffmeister ouviu a imprensa e os dirigentes que ali estavam: Rolando Stümpfle, Raul Viñas, Leônidas Capitão, Theobaldo Müller, João Augusto Rodrigues, Armindo Braatz, João Medeiros, Newton Furtado Fabrício, Assis Brasil Ramos Escobar e Clemente Bandeira. Enfim, Hoffmeister veio, falou coisas que pouco ajudaram na luta dos três clubes santo-angelenses pela fusão. Elite se tornou campeão estadual neste ano, após vencer por 3 a 2 a partida decisiva em Carazinho/RS.
Estreia diante do “Zequinha”
Com a presença de um bom público, a Associação Esportiva Santo Ângelo (AESA) venceu o São José de Porto Alegre (Zequinha), em Santo Ângelo/RS, por 1 a 0, em abril de 1972, com gol de João Carlos Pinheiro Machado (Gú). A festa começou quando dois garotos, vestindo as camisetas do Grêmio SS e do Tamoio entraram em campo e colocaram-se no centro do gramado sob intensos aplausos. Foram seguidos dos presidentes Raul Viñas e Assis Brasil Ramos Escobar, que receberam as camisas dos garotos e as entregaram a Rolando Stümpfle, presidente da AESA, simbolizando a união dos dois tradicionais clubes santo-angelenses. Para dar o pontapé inicial e transformar-se em madrinha oficial da AESA, esteve no centro do gramado a jovem Nirvânia Rigo, Glamour Girl de Santo Ângelo. Arbitragem de Pedro Klein, auxiliado por Odilon Durante e Almeida.
AESA: Wilmar (Hugo), Carlos Pereira, Nei (Joubert), Betinho e Edemar. Luiz Fernando (João Carlos) e Julinho. Joel (Adair), Zé Roberto (Capitão), Jangada e Reginaldo (Branco). Técnico: Chiquinho.
São José/POA: Valdoci, Valdir, Paulinho, Roberto Fernandes e Renato. Pedro e Frasão. Carlos Castro, Cigano, Beto, Cará (Tarso, depois José Lopes).
A maior glória da AESA no Gauchão
A maior glória da Associação Esportiva Santo Ângelo (AESA) foi ter empatado em 0 a 0 com o Grêmio, em Porto Alegre/RS, no Estádio Olímpico, em partida válida pelo campeonato gaúcho de 1973. Este empate deu ao Internacional o título de campeão gaúcho daquele ano.
Grêmio 0x0 AESA (Estádio Olímpico)
Arbitragem: Luis Louros, auxiliado por Mário Severo e Osmar Antonello.
AESA: Hugo, Carlos Pereira, César, Nei e Ferreira. Joubert (Neco), Vadi e Paulinho (Luisinho). Eraldo, Mickey e Adílson.
GRÊMIO: Picasso, Cláudio, Ancheta, Beto Fuscão e Jorge Tabajara. Paulo Sérgio (Gaspar), Carlos Alberto e Carlinhos. Mazinho (Lairton), Tarciso e Oberti.
Na Capital das Missões, a AESA foi derrotada por 4 a 2 pelo Internacional e por 4 a 0 pelo Grêmio. No Beira-Rio, o Internacional fez 3 a 0 na AESA. “Naquela partida diante do Inter aqui em Santo Ângelo, a AESA vencia por 2 a 1, e o Internacional só virou o jogo porque o técnico, no intervalo, colocou os titulares que estavam no banco de reservas. Entre eles, Paulo Roberto Falcão, que fazia de Santo Ângelo a primeira cidade em que ele entrou em campo com a camisa do Internacional. No fim, vitória colorada por 4 a 2”, conta Rolando Stümpfle.
Ano de 1973 marcou a AESA no cenário do futebol gaúcho
A AESA jogava por música. E seu grande maestro era o técnico Francisco “Chiquinho”, o qual iniciava a sua carreira e veio para Santo Ângelo. Mais de 30 anos depois da AESA, Chiquinho se apresentou como novo técnico da S.E.R Santo Ângelo, mas acabou não ficando na Capital das Missões para dirigir a equipe. Nos anos 1980, Chiquinho foi técnico do Grêmio e do Internacional. A AESA integrou a Divisão Especial do campeonato gaúcho em 1973, vindo a enfrentar o Grêmio e o Internacional. O técnico era Chiquinho.
Gaúcho 1×1 Aesa Aesa 3×1 Gaúcho Aesa 0x4 Grêmio
Grêmio 0x0 Aesa Aesa 0x0 Inter/SM Inter/SM 0x0 Aesa
Aesa 1×0 Caxias Caxias 2×0 Aesa Aesa 0x0 Brasil/Pel Brasil/Pel 0x0 Aesa Aesa 2×0 Aimoré Aimoré 1×0 Aesa
Aesa 0x0 Esportivo Esportivo 1×0 Aesa Aesa 1×1 Grêmio Bagé
Bagé 0x0 Aesa Aesa 0x0 São José São José 0x0 Aesa
Aesa 2×4 Inter Inter 3×0 Aesa Aesa 0x0 Pelotas Pelotas 1×0 Aesa
Segundo Rolando Stümpfle, a AESA era um time vencedor. “Tínhamos o melhor elenco da região e um dos melhores times do Rio Grande do Sul. Em nosso elenco, havia o goleiro Hugo, que foi para a seleção brasileira, o Jangada, que foi do Internacional, o Djair, que foi campeão nacional com o Bahia; o João Carlos, que foi ídolo no Juventude e no Esportivo. além do Carlos Pereira. E o técnico Chiquinho, um dos melhores na história de nosso futebol”. Um fato curioso relatado por Rolando Stümpfle foi a véspera de uma partida da AESA, no mesmo dia do casamento da filha de Assis Brasil Ramos Escobar, quando ele esteve na concentração da equipe e não avistou ninguém. Então, foi informado que os jogadores estariam em uma Mãe de Santo no bairro Pippi. Ao chegar lá, flagrou todos nús em banho de sal grosso. “Nada adiantou, no outro dia perdemos por 1 a 0”, conta Rolando.