Agricultores da região apostam no trigo como cultura de inverno

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O agricultor Renato Eguiberto perdeu metade da soja que plantou na zona rural de Giruá e em Cerro Largo, devido à seca que assolou o Rio Grande do Sul desde o final da primavera no ano passado até meados do outono deste ano. Agora, ele aposta no trigo e plantou mais de 80 hectares. “O trigo é a maneira de recuperarmos o que perdemos com a soja”, diz.

 

Os reflexos da forte seca que atingiu todo o Rio Grande do Sul ainda estão sendo sentidos e ainda estarão sendo sentidos por muito tempo. Produtores rurais agora colocam sua esperança especialmente no trigo. Em Santo Ângelo, o cultivo aumentou em 15% da área plantada.

– “A beleza da planta agora no mês de julho é um cartão postal para a nossa região, devido à beleza do cenário do trigo que está se desenvolvendo, bem diferente daquelas tristes cenas provocadas pela seca”, disse Renato.

Uma boa colheita no inverno pode não resolver todos os problemas causados pela estiagem, mas certamente amenizará. O trigo se mantém como principal cultura do inverno gaúcho. Após um verão de enormes prejuízos com a seca, a saída dos agricultores é buscar na lavoura de inverno alguma compensação para as perdas com a soja e o milho. Na parte agronômica, os principais problemas da triticultura, relacionados principalmente com o clima, estão controlados.

De acordo com o agrônomo Cristiano Nelson Farias, “a estiagem que prejudicou a safra de verão no Rio Grande do Sul agora pode refletir de forma positiva nas culturas de inverno. Por causa da seca, o solo perdeu menos nutrientes e se o agricultor souber aproveitar o que está disponível no solo, pode economizar com adubação”.

Segundo a Emater, a área plantada com trigo, no Rio Grande do Sul, deve aumentar 10% em relação à safra passada. “Como tivemos uma safra de verão com baixa produtividade e pouca chuva, houve pouca perda dos nutrientes, da fertilidade do solo. Mediante análise e olhando a cultura que se vai colocar, com certeza é possível economizar com adubação na próxima safra”, revela Farias.

De acordo com o engenheiro agrônomo Cristiano Nelson Farias, “vivenciamos uma situação atípica, pois, para a cultura, o maior problema sempre foi o excesso de umidade. Contudo, a esperança é de que o regime de chuva se normalize e que o Estado possa colher uma boa safra de trigo”.

Santo Ângelo – o engenheiro agrônomo Zé Carlos Libardoni explica que o plantio do trigo ocorreu na época adequada na Capital das Missões. “O trigo nasceu e germinou de uma forma excelente. O clima está sendo favorável e todos os aspectos até então são benéficos para termos uma excelente safra nos meses de outubro e novembro próximos. Acredito que a produção local poderá colher o equivalente a 3 mil sacas”, complementa Libardoni.

O plantio – A área de plantio de trigo foi ampliada em 15% em 2012, passando de 13,5 mil hectares no ano passado para 15,5 mil este ano.

O chefe da Emater/Ascar de Santo Ângelo, Álvaro Uggeri Rodrigues, justifica que o aumento da área se deve a boa produtividade alcançada em 2011 e principalmente as perdas nas culturas de milho e soja em 2012, o que leva os agricultores a plantar mais trigo a fim de recuperar os prejuízos.“Temos convicção que se as condições climáticas ajudarem a média inicial de produtividade poderá ser superada, a exemplo do que aconteceu na safra passada que foi a maior da história, quando atingiu a média de 50 sacas por hectare”.

Emater – Em função do emprego de tecnologia pelos triticultores nas lavouras, a Emater trabalha com uma expectativa de produtividade média inicial de 45 sacas/ha. Ele diz que caso se confirme esta expectativa de aumento, a área ficaria nesta safra em 15,5 mil hectares.

Conab – estiagem prolongada que atingiu o RS neste ano, provocando uma quebra da safra de grãos, deve causar prejuízos também às culturas de inverno. O 10º levantamento da safra, divulgado nesta semana pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), projeta um redução de 14,6% na produção de trigo.

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