A telegrafia é um dom para poucos e que já se encontra quase esquecido

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Hoje estamos vivendo em plena era digital. Os meios de comunicação estão cada vez mais rápidos e eficazes, sendo que em segundos uma determinada informação viaja o mundo todo pela fabulosa internet. Com isso, muitos meios de comunicação de outros tempos formam desaparecendo, como, por exemplo, as cartas que primeiro foram substituídas pelos “e-mails” e recentemente as redes sociais colocaram a última “pá de cal” sobre esta prática, que ainda sobrevive pelas mãos de alguns poucos românticos. Outra função primordial que teve muito destaque em outras épocas e hoje desapareceu totalmente, é a de telegrafista.
O telegrama era um dos  mais rápidos e eficientes meios de comunicação que tivemos durante vários anos, era uma espécie de “internet” no início do século XX. Com isso, a função de telegrafista era algo disputado pelos jovens e necessitava de intenso esforço para aprender. O telegrafista era altamente prestigiado, já que os telegramas faziam parte de negociações comerciais vitais para o desenvolvimento da sociedade, além de marcação de diferentes tipos de encontros e os responsáveis pelos telegramas eram telegrafistas.   
Na Capital das Missões, um dos mais clássicos telegrafistas que viveu a “Era de Ouro” do telégrafo atende pelo nome de Juvenal Menezes. Nascido no ano de 1935, é filho de Manoel Leopoldino Menezes e Amélia Souza Menezes. Casado e pai de sete filhos, lembra com orgulho o momento em que decidiu escolher a profissão de telegrafista. “Lembro que eu gostava muito de novos desafios. A tecnologia da época, o telégrafo,  era o que mais me causava curiosidade, então decidi estudar como que aqueles sons desconexos formavam mensagens importantes que movimentavam vários setores da sociedade”, conta o telegrafista aposentado, Juvenal Menezes.
Seguindo para Santa Maria/RS para estudar na escola de telegrafistas, Seu Juvenal esteve durante três anos voltado apenas para as atividades no telégrafo. Acabou por formar-se em 1952. Neste tempo foi transferido para diversas cidades, entre elas, São Luiz Gonzaga/RS e Getúlio Vargas/RS. “Na época era demorado aprender os sistemas do telégrafo, já que não era possível fazer mais de uma hora de aula por dia no aparelho devido ao desgaste que provocava no estudante. Depois de terminado o curso, eu tinha uma prática imensa no telégrafo. Trabalhei durante muito tempo em ferrovias, transmitindo o horário dos trens, as manobras que eram necessárias serem realizadas nas estações, entre outras coisas. Fiquei na ativa até a década de 1980, quando me aposentei. Mas o amor por este instrumento precioso de comunicação falou mais forte e hoje me dedico a resgatar a memória para os mais jovens deste meio de comunicação que muito ajudou o Brasil a se desenvolver”, finaliza Seu Juvenal.          
A história
A existência dos telegrafistas é desde o ano de 1884, uma vez que a primeira linha telegráfica foi construída em 24 de maio de 1884, ligando as cidades de Washington e Baltimore, nos Estados Unidos.
Quem transmitiu a primeira mensagem, usando essa linguagem nova foi Samuel Finley Breese Morse, ao escrever em inglês “What had God wright ” (O Que Deus escreveu!), frase que foi repetida por outro telegrafista, em Baltimore. Em Washington, onde terminavam os postes com fios elétricos que conduziam a telegrafia, tinham como fim de linha, a sala do Supremo Tribunal, no Capitólio. Como não poderia deixar de ser, o próprio governo foi o primeiro usuário desse tipo de serviço, com a finalidade também de enviar e receber mensagens entre seus pares.
O telégrafo se tornou, desde então, uma invenção muito importante para as comunicações, encurtando as distâncias, através de um único e simples manipulador de telegrafia que, através de pontos e linhas, deu um grande impulso ao desenvolvimento dos países, no mundo inteiro.
Aqui no Brasil, a invenção de Morse foi muito elogiada por Getúlio Vargas que, na época, evocou Morse como um grande herói, dizendo em seus discursos que ele (Morse) foi um grande herói, não só na descoberta da telegrafia, mas também como grande pintor, estudante de artes na Inglaterra, onde fez suas exposições na Academia Real de Londres, ao mostrar retratos pintados por ele, de muitos cidadãos importantes daquela época. Morse foi também professor de pintura e escultura da Universidade de New York. Um pouco da história de Morse: quando morava em Paris, Morse iniciou os seus estudos de eletricidade, tornando-se físico, logo depois desenvolvendo experiências voltadas para o envio de mensagens a longas distâncias, feitas num pequeno e improvisado laboratório. Foi através dessas experiências que Morse chegou à invenção do telégrafo por fios, que é um sistema de circuito eletromagnético. Foi depois dessa invenção que Morse criou o alfabeto em telegrafia, o qual levou o seu nome.

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