O retorno da Companhia de Jesus à área dos Sete Povos das Missões

O Padre Jesuíta Dionísio Körbes e o Irmão Celso Schneider assumirão a Paróquia de São Miguel das Missões em outubro de 2020. O diálogo para o retorno da...

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Créditos da Foto - Paulo Gusmão
Créditos da Foto – Paulo Gusmão

O Padre Jesuíta Dionísio Körbes e o Irmão Celso Schneider assumirão a Paróquia de São Miguel das Missões em outubro de 2020. O diálogo para o retorno da Companhia de Jesus foi iniciado no ano de 2017, durante a Assembleia dos 30 Povos realizada em San Ignácio Guazú no Paraguai e naquele ano, a solicitação foi entregue a Ordem dos Jesuítas do Brasil pelas mãos do Irmão Jesuíta Celso Schneider. Depois de várias rodadas de diálogo, a solicitação da presença jesuítica na área dos Sete Povos das Missões será efetivamente atendida.

O Padre Jesuíta Dionísio Körbes juntamente com o Irmão Celso Schneider assumem oficialmente a Paroquia de São Miguel das Missões no dia 24 de outubro. O Bispo Dom Liro Vendelino confirmou a informação do retorno dos Jesuítas e faz menção ao trabalho de resgate do espírito missionário na área de abrangência da Diocese de Santo Ângelo, pois a história da região está intimamente ligada com a atuação dos Jesuítas no Brasil.

O pesquisador do tema missioneiro, José Roberto Oliveira, relembra a cronologia dos acontecimentos que desencadearam no movimento de retorno. Ele conta que “a presença jesuítica era um desejo antigo das comunidades e foi uma reivindicação aprovada na Assembleia dos 30 Povos, que é o evento das comunidades missioneiras do Brasil, Argentina e Paraguai e ocorre anualmente na primeira Redução Jesuítico-Guarani, San Ignácio Guazú (1609) – Paraguai. Naquele momento, o Irmão Jesuíta Celso Schneider representou os Jesuítas do Brasil e recebeu a incumbência de trazer em mãos o documento.”

Na opinião de José Roberto a chegada do Padre Jesuíta Dionísio Körbes e do próprio Irmão Celso Schneider contribui, ainda mais, para a valorização da história local e a difusão deste Patrimônio Cultural da Humanidade localizado nesta região do Rio Grande do Sul.

“Para aqueles que sonham com uma região em pleno desenvolvimento e com inclusão das famílias missioneiras, têm no retorno dos Jesuítas uma feliz notícia”.

“Passamos a contar com lideranças que podem ajudar a iluminar caminhos para reedificar a alegria da Utopia Missioneira, em termos de fraternidade, união e de um cristianismo redivivo pró-geração de riqueza a partir do melhor que a nossa história já produziu e que os grandes escritores do mundo já demonstraram”. Manifestou José Roberto ao receber a notícia.

“A região como um todo está recebendo uma injeção de alegria depois da espera de tanto tempo, especialmente os ligados ao turismo. É certo que outros jesuítas já estiveram na região, mas não em um momento de tanta consciência e vontade de darmos um salto para um novo tempo. É um verdadeiro recomeço. Esperamos muito de seu retorno”.

O pesquisador também reconstitui o contexto histórico da presença jesuítica nesta região do Rio Grande do Sul:

“As reduções do lado onde hoje é Rio Grande do Sul, na primeira fase, começaram a ser fundadas em 1626, momento em que tivemos 18 fundações. A Redução de São Miguel Arcanjo, foi fundada em 1632 por Cristóvão de Mendoza e Pedro Romero, próximo a Serra de Santa Maria. Em 1638 foram expulsos para o outro lado do rio Uruguai e finalmente se fixaram onde hoje conhecemos em 1687. Tudo terminou com a expulsão definitiva dos Jesuítas em 1768.”

“Desde o início dois padres cuidavam da vida religiosa e temporal de milhares de índios em cada redução. Os principais artigos produzidos e exportados eram o mate, o fumo, o algodão, o açúcar, os tecidos de algodão, os bordados, as rendas, os objetos trabalhados em torno, mesas, armários, e baús de madeiras preciosas, esculturas, peles, curtumes e arreios de couro, rosários e escapulários, mel, frutas de várias espécies, cavalos, mulas, e carneiros, assim como e excedente de diversas indústrias, como a de instrumentos musicais e fundidos. Todos eram vendidos à Europa, Corrientes, Santa Fé, Lima, Buenos Aires, entre outros”.

Edição | Marcos Demeneghi com Informações de José Roberto e da Diocese de Santo Ângelo

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