Manejo correto das pastagens pode aumentar a lucratividade dos produtores de leite na região de Santo Ângelo. Pesquisas regionais comprovam que os atuais 20% apurados pelos produtores pode alcançar a margens de 50 a 60%. Clima, área agricultável e disponibilidade hídrica são características que despertam interesse e olhares para a região. Acompanhe a reportagem especial desta edição sobre o “leite nosso de cada dia”.
A produção leiteira se tornou uma fonte de renda para muitas famílias do Noroeste do Rio Grande do Sul. Alternativa para viabilizar economicamente o agronegócio em pequenas e médias propriedades. Recente pesquisa do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgada na última semana, aponta que no primeiro trimestre deste ano a produção de leite cresceu 8,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados fazem parte de pesquisas trimestrais do IBGE sobre a Aquisição de Leite.
Confira o crescimento da produção leiteira em comparação com outras atividades:
O Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor nacional, corresponde a 12% da produção e fica somente atrás de Minas Gerais. Pedro Réus Ribeiro Nardes, produtor de leite na região, explica que o noroeste do Rio Grande do Sul tem alto potencial produtivo, destaca que as estações climáticas bem definidas favorecem a manutenção das pastagens. Para o produtor a maioria das propriedades da região tem espaço suficiente para o manejo adequado do rebanho e aumento da produtividade do plantel, bem como, a redução de custos.
Réus Nardes acredita que é necessário implementar políticas públicas que garantam o preços ao produtor, pois percebe em sua atividade, que o custo dos insumos aumentou de modo desproporcional, o preço mínimo não acompanha o aumento dos insumos aplicados na produção leiteira, mesmo assim, consegue alcançar 25% de lucratividade em sua propriedade. Nardes percebe que é necessário amadurecer as relações com a indústria, o controle de entrega ainda é rudimentar e os agricultores carecem de instrumentos, inclusive para cobrar o produto entregue.
Segundo o veterinário da Emater de Santo Ângelo, Domênico Weber, existe a possibilidade de aumentar a lucratividade média dos produtores locais, a principal medida que deveria ser adotada para alcançar este objetivo é o melhorando da qualidade das pastagens, visto que, a alimentação do rebanho corresponde a 70% dos custos de produção.
Conforme levantamentos estatísticos realizados na região, 20% do volume de recursos movimentado pelos produtores é lucro líquido, os outros 80% são despesas. No entanto, uma pesquisa realizada no município de Rolador, empreendida por Guilherme Dahmer e José Eduardo Gubert, apontada por Domênico, conclui que é possível obter até 50% de lucro, desde que sejam adotadas técnicas de produção como:
• Pastagem Perene ou Pastejo Rotacionado
• Melhoramento Genético
• Irrigação
• Controles de custos
• Medições da produção leiteira de cada vaca, entre outras atitudes.
Pastagem Perene
Segundo os técnicos da Emater, a pastagem perene garante um menor custo de produção, maior tempo de utilização das pastagens e maior suporte de animais por área. No entanto, uma das dificuldades na implantação das pastagens perenes é a grande quantidade de mudas necessárias para a formação de um hectare e o baixo índice de eficiência de “pega” das mudas.
Pastejo Rotacionado
O sistema de pastejo rotacionado consiste na delimitação com piquetes e cerca elétrica de uma pequena área da propriedade. Ali, os animais são criados como num sistema de rodízio: mudam de local diariamente, fazendo com que o capim que os alimenta ganhe tempo para se recuperar antes do próximo pastejo. As áreas recebem ainda adubação, irrigação e manutenção, além da assistência técnica permanente.
O pastejo rotacionado é uma alternativa sustentável à pastagem tradicional, ou seja, em uma grande área da propriedade. Com ele é possível diminuir a cobertura vegetal e evitar a compactação e degradação do solo, uma vez que a pastagem é subdividida em vários piquetes.
Melhoramento Genético x Medições da produção
Não só a quantidade de alimentação da vaca é determinante para a produtividade, neste sentido o controle individual do que é produzido por cada uma delas pode detectar possíveis ajustes de investimento, uma vaca pode comer menos e produzir mais e o inverso também pode acontecer. O melhoramento genético e o balanceamento da alimentação podem colaborar com a melhor produtividade do rebanho.
No estado 58% da produção é realizada por agricultores familiares o que determina baixo custo no quesito mão de obra. Segundo os pesquisadores “Temos todas as condições para transformar o leite na nova estrela do agronegócio brasileiro e principalmente, uma opção de renda para a agricultura familiar.”
Diante de um mercado que cresce e exige constante atualização melhoramento genético, investimento em equipamentos e sistemas de controle administrativo, os produtores regionais reivindicam garantia de preço mínimo e instrumentos jurídicos para receber o produto entregue. Esperam o amadurecimento das políticas públicas e de escoamento da produção.