Cerca de 30 pessoas estão acorrentadas em frente à prefeitura de Porto Alegre, no Centro da cidade, desde às 4h. A segunda-feira (10) marca o 15º dia da greve dos rodoviários na capital e nenhum ônibus urbano circula pelas ruas. O grupo, formado por sindicalistas de diferentes áreas, protesta em apoio à categoria paralisada. Nas empresas de ônibus, manifestantes formam piquetes e impedem a saída dos veículos.
Conforme a assessoria de imprensa do prefeito José Fortunati, o chefe do executivo municipal da capital gaúcha ainda não se pronunciou sobre a situação. Ele é aguardado na prefeitura, onde até as 8h40 não havia chegado ainda.
De acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação, lotações, vans escolares, táxis e embarcações da Ilha da Pintada seguem sendo a alternativa para o transporte.
Na manhã desta segunda, uma nova reunião de mediação está marcada para as 11h. A vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), desembargadora Ana Luiza Heineck Kruse, agendou o encontro entre os sindicatos dos rodoviários e das empresas de ônibus na sede do órgão. A audiência foi solicitada pela Comissão de Negociação da categoria.
De acordo com Alceu Weber, integrante da Comissão de Negociação dos Rodoviários, o objetivo da reunião é tentar convencer a desembargadora a declarar a legalidade da greve, além de reconsiderar o corte do ponto, a dar R$ 19 no vale-alimentação e garantir plano de saúde hospitalar para os funcionários e dependentes. Segundo o grupo, eles possuem apenas atendimento ambulatorial. A partir disso, conforme Weber, a tendência da assembleia é concordar com a retomada gradual dos ônibus às ruas.
A categoria quer aguardar também o julgamento da ação do dissídio, marcado para 17 de fevereiro, e espera seguir as negociações para conseguir aumentar o reajuste salarial. A ação propõe 5,5% e os empresários ofereceram 7,5%.
TRT cassa liminar que impede formação de piquetes
No domingo (9), o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região cassou a liminar do juiz Elson Rodrigues da Silva Junior, que determinava aos grevistas rodoviários de Porto Alegre a liberação da saída de ônibus em garagens de empresas em um prazo de 48 horas. A decisão é da desembargadora Maria Cristina Schaan Ferreira.
A suspensão acatou um mandado de segurança impetrado pela Comissão de Greve da categoria. Desde o início da greve, rodoviários têm impedido a saída de ônibus em todas as empresas da capital gaúcha.
“Os piquetes são instrumentos legítimos de convencimento na adesão à greve”, argumentou a magistrada na decisão. A desembargadora ainda ressaltou que “a utilização de força policial, mais que contribuir para uma solução negociada do conflito coletivo, pode, ao revés, acirrar os ânimos”
A liminar cassada havia sido obtida pelo Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) e previa intervenção policial caso a Justiça solicitasse. Na nova decisão, o TRT ressalta que um novo pedido de reunião de mediação foi protocolado, o que dispensa o uso de força das autoridades de segurança.
O gerente-executivo da Associação das Transportadoras de Passageiros de Porto Alegre (ATP), Luis Mario Magalhães, disse ter recebido a decisão com surpresa. “Vamos ter uma reunião com o jurídico na manhã desta segunda (10) para ver que medidas vão ser tomadas. Para terminar uma greve, que a justiça determinou ilegal com piquetes na frente das garagens, somente com uma medida judicial acoplada a uma medida policial, que era o previsto na liminar. Não é competência da ATP retirar os piquetes das frentes das garagens”, afirmou. (Fonte: G1)