Sábado – 30/04/2011

Trabalho não mata ninguémHá alguns anos, li entrevista do cardiologista Adib Jatene, na qual sublinhava que trabalho não mata ninguém, mas raiva mata. Mentores espirituais advertem que o...

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Trabalho não mata ninguém
Há alguns anos, li entrevista do cardiologista Adib Jatene, na qual sublinhava que trabalho não mata ninguém, mas raiva mata. Mentores espirituais advertem que o ser humano raivoso, carregado de rancor, abre imensa brecha para enfermidades diversas. O dr.Jatene, com experiência profissional de muitos anos, salientava que o apego ao trabalho, sobretudo ao que se faz com prazer, quase cantando, faz muito bem à saúde física e até prolonga a vida útil na Terra. O advogado Sobral Pinto, nome lendário na advocacia brasileira, peticionou até os 94 anos terrenos, quando retornou ao mundo espiritual.
Em nossa terrinha missioneira, conheço três exemplos que ilustram perfeitamente a veracidade das colocações do ex-Ministro da Saúde. Todos os dias passo na frente do meu quase vizinho da Rua Antunes Ribas, o pintor de paredes Eduardo de Almeida Pérsigo. No último verão, ele completou noventa anos de idade, e ainda assim não abandona o trabalho. De manhã cedo, sai para o batente, dirigindo sua Kombi e, diga-se de passagem, sem cometer infrações às leis do trânsito. Há poucos meses, orientou jovens profissionais do pincel na pintura de pavilhões do Hospital Santo Ângelo. Assim é o Pérsigo,  ainda sendo útil à comunidade em que vive.
Na Rua Marquês do Herval, ao lado do tabelionato do Adão Lago Pinto, encontro Clementino Bernardes a postos no salão de barbeiro, que divide com um filho. Em breve, o Clementino completará  “apenas” sessenta anos de exercício profissional, cortando cabelo e fazendo barba de milhares de santo-angelenses. Na parede, ele me mostra diploma que lhe foi conferido pela Câmara de Vereadores, no dia 22 de fevereiro de 2002, em reconhecimento por 50 anos de exercício da profissão de barbeiro. A honraria está assinada por Arlindo Diel, que então presidia o Legislativo municipal e por Bruno Steglich, aposentado do Banco do Brasil, que ocupava a secretaria.
Em deslocamento para a Justiça Federal, ocupo o táxi de Hércules Rolim Cezimbra, descendente  do Coronel Quinzote (Joaquim Rolim de Moura), Intendente do Município em tempos recuados.
Então fico sabendo que o Hércules é o mais antigo taxista de Santo Ângelo, beirando os 50 anos de corridas pelas ruas e avenidas da Capital das Missões. Já trabalhou em vários pontos da cidade, mas há doze anos se mantém na rua Andradas, bem na frente da Igreja do Relógio. Não pensa em parar por enquanto. Com boa saúde, o Hércules certamente vai conduzir muitos passageiros nos próximos anos. Acha que o trabalho só lhe fez bem e não sabe ficar em casa vendo televisão ou atrapalhando os serviços domésticos.
Empresa multinacional lançou concurso em busca da melhor frase sobre o segredo da felicidade. Francamente, eu acho que o Pérsigo, o Clementino e o Hércules resumem, em suas vidas laboriosas, o verdadeiro segredo da felicidade terrena, conforme nossos limites terrenos.
O amor ao trabalho e o gosto pelo que fazem respondem , só por si, a promoção cultural da empresa. Não precisa mais nada. Dá pra encerrar logo o concurso e proclamar os três como vencedores. É só entregar a taça para eles.

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